24 de setembro, de 2021 | 10:00

Copasa reafirma que Vale do Aço não está sob risco de desabastecimento de água

Por outro lado, governador Romeu Zema admitiu possibilidade de crise energética em meio à seca vivida no país

Bruna Lage
Crise hídrica pode provocar racionamento e falta de água nas torneiras dos mineiros Crise hídrica pode provocar racionamento e falta de água nas torneiras dos mineiros

O racionamento de água pode atingir diversas residências mineiras, em breve. Conforme matéria veiculada pela rádio Itatiaia, o governo do Estado, por meio do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) — órgão responsável por monitorar a quantidade e a qualidade das águas e dos rios em Minas — admitiu, pela primeira vez neste ano, a possibilidade de racionamento de água. A informação é do diretor-geral do órgão, Marcelo da Fonseca, e é válida para a região de São Pedro do Suaçuí (Vale do Rio Doce). Já no Vale do Aço, a Copasa reafirmou em nota encaminhada ao Diário do Aço que, no momento, não há risco de desabastecimento. 

Na região de São Pedro do Suaçuí, deve haver redução de 20% do volume diário captado no caso de água usada para consumo humano, 25% na água utilizada na irrigação, 30% na água destinada ao consumo industrial e 50% do volume para demais finalidades. De acordo com o diretor do Igam, o racionamento dependerá da forma como as concessionárias vão fazer essa gestão.

Conforme Marcelo da Fonseca, em algumas regiões, como a de Furnas, a situação é pior. "Na região do rio Paraná, onde estão localizadas as usinas de Furnas, Mascarenhas de Morais e Nova Ponte, temos uma situação em que os reservatórios têm volume acumulado bem abaixo da média dos últimos anos. Isso, sim, tem gerado a crise hídrica energética do Estado", afirma.

Os dados do Igam indicam que todas as estações monitoradas no estado apresentam volume de água abaixo do esperado para a época do ano. Isso é reflexo de um período chuvoso onde houve anomalia de precipitações. No início deste mês, a Copasa enviou posicionamento ao Diário do Aço, descartando o racionamento de água, afirmação que voltou a fazer em nota, nesta quarta-feira.

Questão de tempo

Representantes do Instituto Interagir, em Ipatinga, manifestaram-se a respeito da crise hídrica. Por meio de nota, o instituto idealizado com propósito de atender a sociedade civil com a promoção de boas práticas socioambientais, destacou que o Estado de Minas Gerais já não possui mais o título de caixa da água do país.

Conforme os representantes, as bacias hidrográficas do território mineiro têm índices de disponibilidade hídrica com medições cada vez menores, em uma situação alarmante. “Com o panorama da atual situação de escassez hídrica, o risco do racionamento é uma situação que em pouco tempo iremos testemunhar, basta irmos aos rios, córregos ou cursos d'água mais próximos e compararmos a oferta de água dos outros anos anteriores. Com certeza vamos notar a lâmina da água mais superficial e extensos bancos de areia, sendo esses sinais que a produção de água versus o uso do solo existentes nas bacias hidrográficas são agentes contrários à oferta hídrica”, aponta.

A diminuição da oferta hídrica é um fator muito preocupante, segundo o posicionamento do Instituto, ainda mais somado ao estilo de vida que a espécie humana encontrou, com o uso cada vez mais exacerbado e desregulado da água em diversas atividades, sendo doméstica, industrial ou de criação, mantendo o uso da água em condições de ultrapassar os níveis disponíveis, colocando a população no risco iminente do racionamento do recurso.

Nota da Copasa

Procurada pelo Diário do Aço, a assessoria de Comunicação da Copasa informou no fim da tarde de quarta-feira (22) que, apesar da situação crítica de escassez hídrica na bacia do rio São Pedro do Suaçuí, os municípios atendidos pela companhia nessa bacia - São João Evangelista, Paulistas, Rio Vermelho, São Pedro do Suaçuí e Materlândia - ainda não enfrentam problemas de abastecimento de água. 

“Com relação aos principais municípios da região do Vale do Aço (Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso), a Companhia explica que, mesmo neste período de estiagem, o abastecimento com água tratada na região está sendo realizado normalmente e, até o momento, está descartada qualquer situação de racionamento. A Copasa ressalta que o uso racional da água é importante em qualquer estação do ano. Atitudes simples, como lavar o carro com balde de água no lugar da mangueira; deixar a torneira fechada enquanto escova os dentes; tomar banhos rápidos; molhar plantas com regador e não lavar o passeio com água tratada fazem muita diferença”, conclui a nota da companhia.

Energia

Também na quarta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) admitiu que regiões de Minas Gerais podem ficar sem energia elétrica a qualquer momento. A declaração foi dada durante evento de abertura do processo de tombamento histórico dos lagos de Furnas e Peixoto, na região Centro-Oeste de Minas. 

“Nós estamos vivendo um momento de escassez de chuvas, consequentemente uma crise hídrica que está desdobrando para se tornar uma crise energética. Tenho acompanhado muito de perto a situação, a qualquer momento nós corremos risco de ter algumas regiões desabastecidas por energia elétrica. Nosso sistema está operando no limite, apesar de todas as usinas termoelétricas estarem funcionando”, declarou Zema.
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Comentários

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Fátima

02 de outubro, 2021 | 18:52

“Pior é que a Copasa está deixando mesmo a Vila Celeste sem água todos os dias a partir de 11 horas.
Era melhor assumir o racionamento ou desabastecimento. Mas fica nesta enganação. Talvez porque nosso bairro seja de pessoas simples e trabalhadoras. Mas receber nosso dinheiro na conta, ah isto querem. Será que nos outros bairros falta tanta água durante o dia? Porque o jornal não entrevista os moradores do bairro que ainda não desistiram da Copasa?? Estou pensando seriamente em fazer poço e pedir o desligamento da água. Vários vizinhos planejam o mesmo. Há maneiras de tratar água de poço em casa. O problema é o jornal ser chapa branca e ouvir só a Copasa. Nem registrar reclamação por falta de água constante eles deixam. Até o atendentes são treinados para não registrar reclamação. Já está virando caso de acionar o Ministério Público para Copasa resolver ou assumir que sim há rodízio na região e desabastecimento.”

Jane

29 de setembro, 2021 | 15:44

“Podemos não ter racionamento, mas meus amigos que moram na região dizem que todo dia a tarde as torneiras ligadas na direto na rede da rua secam . Principalmente na região da Vila Celeste e entornos.
Isto quer dizer que a Copasa já está racionando. O problema é não avisar sobre esta prática para os moradores; para que se programem. E quem estiver com caixa vazia somente vai enchê-la de noite. Ok Copada, devia assumir e avisar. Sabermos que a região caminha a passos largos para virar um agreste, um semi-árido e que nossos rios e córregos estão sendo poluídos e destruídos, infelizmente e com a falta de ação da sociedade que parece hipnotizada com outras coisas.”

Jacqueline

29 de setembro, 2021 | 15:38

“Se continuarem queimando, o que facilita erosão e destrói nascentes, talvez algumas pessoas ainda desta geração vejam seca como as do norte de Minas em nossa região.
Recuperação das nascentes, plantio de árvores nativas é para ontem. E por favor cidadão - não queime lixo, não jogue a bituca de cigarro perto de mato ou grama seca, não deixe seu lixo após um passeio em lagoa, rio e cachoeira. Se levou garrafas, vidros, latas e plásticos cheios é fácil voltar com eles vazios e dispensar em uma lixeira urbana. Para quem tem o vicio de fumar em carro. Uma latinha de refrigerante com um dedo de água como cinzeiro evita muito incêndio em mata, evita a morte demorada e sofrida de animais.”

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