18 de setembro, de 2021 | 12:00

Histórico do veículo precisa ser analisado antes da compra, alerta despachante

Tiago Araújo
José Geraldo Mattos e seu cliente prejudicado, Laércio Batista, que comprou um caminhão com alienação fiduciária  José Geraldo Mattos e seu cliente prejudicado, Laércio Batista, que comprou um caminhão com alienação fiduciária

O desejo de se tornar caminhoneiro acabou se transformando em uma dor de cabeça para Laércio Batista de São José, de 74 anos, morador do bairro Bethânia, em Ipatinga. Ele comprou um caminhão, mas após o pagamento à vista, descobriu que o veículo era alienado à Caixa Econômica Federal, o que impede de prestar de serviços de transporte de cargas para empresas. O representante da empresa que vendeu o caminhão afirma que vai acionar o banco na Justiça, para que haja desalienação do bem, já quitado.

Em entrevista ao Diário do Aço, o aposentado Laércio Batista contou que tudo começou quando teve a ideia de comprar um caminhão para ganhar uma renda extra, prestando serviços de transportes de cargas, no entanto, seu plano não deu certo e ele teve só prejuízo até agora. “No dia 10 de maio deste ano, eu comprei um Volvo FH 1238, ano 2006, da empresa Belosanta Transportes, que tem sede em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e uma filial em Ipatinga, onde foi feita a compra. Preferi tratar diretamente com uma grande empresa, em vez de comprar de um vendedor particular, para não ter dor de cabeça. Com isso, não conferi o histórico do veículo e paguei à vista, o valor de R$ 125 mil, confiando na palavra do vendedor, de que estava tudo certo, mas não estava”, lamentou.

Caminhão parado

Conforme Laércio, o caminhão está até hoje parado em sua casa, sem que possa usá-lo para trabalhar, porque descobriu que o veículo está alienado à Caixa, o que impossibilita de fazer seu registro junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e para que possa prestar serviços. “Eu ainda tive que fazer uma reforma na minha casa para guardar o caminhão. Gastei R$ 7 mil com o meu portão. Eu cheguei a vender um terreno para comprar esse veículo, mas agora fiquei sem terreno e sem dinheiro. Estou só gastando dinheiro e o caminhão parado em casa há quatro meses, sem eu poder trabalhar nele”, enfatizou.

Estelionato

O despachante ipatinguense, José Geraldo Mattos, que atua no caso de Laércio, destacou que o responsável pelo automóvel não poderia ter vendido o caminhão para o qual consta alienação fiduciária. “No site do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) aponta que o veículo é alienado, ou seja, não poderia ter sido vendido, porque está cometendo um estelionato. A pessoa vendeu um bem que não pertence a ela, mas sim, à Caixa”, explicou.

Justiça

Segundo José Geraldo, o responsável pela empresa Belosanta Transportes alega que terminou de quitar o caminhão em 2011 e que seria culpa da Caixa. “Dez anos para um banco desalienar um veículo que está quitado é muito tempo. Eu acredito que isso seja mentira. O banco não demoraria isso nunca. Chegamos até ir a Santa Luzia para tentar resolver essa situação, mas não tivemos êxito. Dessa forma, chamamos a Polícia Militar para fazer um Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) e agora vamos acionar judicialmente o responsável, porque isso que aconteceu é estelionato”, insistiu.

Alerta

Para evitar esse tipo de dor de cabeça, o despachante José Geraldo alerta que antes de comprar qualquer veículo, é necessário fazer uma pesquisa detalhada do automóvel. “Não havia necessidade nenhuma de acontecer essa situação. Antes de comprar um veículo, tem que fazer uma pesquisa. Se tivesse constatado, conforme está no documento, que o veículo está alienado, teria evitado esse transtorno. No entanto, Laércio confiou na palavra da pessoa da empresa que o veículo estava quitado”, afirmou o despachante.

Resposta

Procurado pela reportagem do Diário do Aço, o administrador da empresa Belosanta Transportes, Thiago Henrique de Paula Conceição, apenas respondeu que entrou judicialmente contra a Caixa, pedindo a liberação do veículo. “Eu já pedi diversas vezes e eles não liberam. Então o fato é esse. Eu falei com Laércio, se ele quiser fazer um contrato de garantia, tudo bem para mim. Tem problema nenhum. Ou então um contrato de compra e venda, para que ele possa trabalhar”, garantiu.

Sigilo bancário

Em nota enviada ao Diário do Aço, a Caixa informou que, “em razão do sigilo bancário, as informações a respeito da operação em questão serão encaminhadas exclusivamente ao cliente”.
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Comentários

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Joanas

18 de setembro, 2021 | 12:59

“Eu ja comprei carro alineado com banco . mas a Pessoa que mim vendeu o entregou uma carta do banco que o carro estava quitado.”

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