19 de agosto, de 2021 | 10:00

Consumo de carne cai e provoca queda no preço

Bruna Lage
Acém (carne bovina) comprada nesta quarta-feira (18) trazia o preço de R$ 29,90 o quiloAcém (carne bovina) comprada nesta quarta-feira (18) trazia o preço de R$ 29,90 o quilo

Que a situação econômica do país está difícil, isso não é novidade para ninguém. Com a elevação do preço dos combustíveis e de itens tradicionais na mesa do brasileiro, como arroz, óleo de soja e carne, a perspectiva não é das melhores. Porém, na manhã desta quarta-feira (18), ao comprar carne de segunda bovina e pernil suíno, a reportagem do Diário do Aço constatou redução no valor praticado nestes dois cortes. Entretanto, a queda não tem relação com um mercado favorável, mas sim com o consumo, que esfriou e ocasionou estoque.

O valor pago na carne de boi e de porco na manhã de ontem apontava o quilo do acém a R$ 29,90 e do pernil traseiro suíno a R$ 13,90, numa casa de carnes do bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso. Conforme anotações da reportagem referentes ao mês de maio, o mesmo corte custava R$ 32,85 e 16,98, respetivamente, quando havia indignação do consumidor em relação à alta no valor cobrado pelas proteínas.

Àquela época, a exportação de carnes, bovina e suína havia aumentado, assim como o preço do grão e o processo de abate, que diminuiu o número de fêmeas no rebanho, um conjunto de fatores que fez com ocorresse a elevação do preço. Segundo explicação de profissionais do frigorífico Frigonando, em Santana do Paraíso, na verdade não houve baixa no preço do boi. Há uma tendência de alta, inclusive, por causa da seca.

“O que ocorreu foi a queda no consumo, o que acarreta em estoque e redução do valor de venda. Num cenário normal, a estimativa seria de elevação do preço do boi neste período, que está desajustado em relação ao valor da carne. Não é possível, no entanto, estimar quando e se isso vai ocorrer, porque o mercado está instável. As pessoas estão sem dinheiro para comprar o que não é essencial, seja a proteína ou os legumes e verduras. Está tudo caro”, explicam.

No caso do porco ocorreu aumento, o que não tem relação com o frio, mas com o preço do grão, que o animal consome. “Mas num geral, o consumo, o gasto com alimentação, está caindo mesmo. Não é qualquer pessoa que está com dinheiro para gastar. Nossa torcida é para que as coisas melhorem para todos, porque isso faz a economia girar”, vislumbram.

Exportações

Conforme divulgado no site da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a oferta de gado não está apertada, mas não permite pressão de baixa. “O mercado do boi gordo segue com o cenário de estabilidade. A oferta não faz com que a indústria tenha dificuldade maior em comprar, mas não é suficiente para gerar pressão de baixa contundente. Para o curto prazo, a segunda quinzena de agosto deve arrefecer (reduzir) o consumo doméstico, mas as atenções se voltam ao ritmo dos embarques de carne bovina, que começaram agosto em ritmo forte”, aponta. 

Para as exportações, a evolução recente dos casos de covid-19 na China merece atenção, segundo publicação da associação, uma vez que medidas mais generalizadas para a contenção destes casos no início da pandemia afetaria a demanda do principal comprador do Brasil. “Além das exportações, o equilíbrio entre mais gado de confinamento chegando e a demanda doméstica ganhando corpo com o segundo semestre, ditarão o rumo do mercado. Por ora, a expectativa segue de cenário calmo para os preços em curto prazo”, conclui.
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Comentários

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Beto

19 de agosto, 2021 | 10:28

“O povo deveria fazer o mesmo com combustíveis.”

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