18 de agosto, de 2021 | 09:30

Reforma da Ponte Queimada ainda sem confirmação

Obra para revitalização da estrutura custaria cerca de R$ 1 milhão, mas não há recurso definido

Comunicação Prefeitura de Pingo-d'Água
Precariedade da ponte causa medo e insegurança em quem passa pelo local Precariedade da ponte causa medo e insegurança em quem passa pelo local
Com alteração para corrigir dados históricos
Mais uma história de uma ponte do Vale do Aço que pede socorro. Com sua beleza histórica e importância turística para toda a região, a Ponte Queimada com 200 metros de extensão sobre o rio Doce, ligando os municípios de Pingo-d’Água a Marliéria, há anos sofre com as ações do tempo e a precariedade, principalmente na parte superior no seu tabuleiro, formado por dormentes. Peças podres de madeiras, soltas sobre a estrutura de aço, causam medo e insegurança para quem utiliza a passagem.

Uma das entradas para a área do Parque Estadual do Rio Doce, a ponte atual foi reconstruída no século XX e, durante muitos anos, foi o único caminho para o escoamento da produção de carvão vegetal na época, para abastecer a usina siderúrgica Belgo Mineira, em João Monlevade e, posteriormente, a Acesita. Antes, havia no local outra ponte, com uma história ainda mais antiga, explicada abaixo.

A ponte teria recebido esse nome em razão de um incêndio ainda na primeira ponte construída por volta do século XVIII. A autoria deste incêndio possui várias versões, todas sem nenhuma confirmação oficial.

O serralheiro Marcus Vinicius de Sousa Lacerda mora em Timóteo, mas possui um terreno na região de Monte Alegre, em Pingo-d’Água, porém, não tem utilizado o acesso da ponte por medo das condições. “O acesso pela ponte me economiza 50 quilômetros, mas eu não tenho coragem de passar por lá e soube que tem buracos grandes, o que é um risco de ter uma roda do carro presa ou algum outro acidente”, relatou.

Trata-se de uma demanda antiga. A ponte construída justamente sobre um desnível do rio Doce, sempre requer manutenção. No arquivo do Diário do Aço há uma notícia, de julho de 2015, quando a ponte já era alvo de expecativa de uma reforma dada seu estado precário. Essa reforma foi realizada, mas o tempo e uso do equipamento geraram novo desgaste.

Comunicação Prefeitura de Pingo-d'Água
Ponte tem 200 metros de extensão sobre o rio Doce e liga os municípios de Pingo-d'Água a MarliériaPonte tem 200 metros de extensão sobre o rio Doce e liga os municípios de Pingo-d'Água a Marliéria
Dificuldades

A secretária de Cultura e Turismo da Prefeitura de Pingo-d’Água, Eliana de Souza, confirma o estado crítico da ponte. Ela ressalta que a estrutura ainda não está embargada e que isso poderia prejudicar muito o transporte e a passagem de moradores das comunidades do entorno. “A ponte é mais usada por ciclistas que fazem a Volta da Mata e para o turismo, mas a gente teme que ela se torne mais uma ‘Ponte Perdida’ e precisamos muito desta restauração por seu valor histórico e importância para o turismo da nossa região”, afirmou.

Eliana também fala sobre a facilidade e redução do percurso oferecido pela ponte para ter acesso a Timóteo e a Ipatinga, gerando economia de tempo e dinheiro. “Além disso, se acontece algum acidente na BR-458 (Ponte Metálica), a Ponte Queimada é nossa alternativa mais rápida para a Região Metropolitana do Vale do Aço”, completou.

Investimentos do Perd podem ser a solução

A administração municipal de Pingo-d’Água buscou o apoio e comprometimento do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em sua última passagem pelo Vale do Aço no fim do mês de julho e também do Instituto Estadual de Florestas (IEF). “Fizemos um apelo ao governador e também ao IEF para a garantia de recursos para a reforma da ponte e estamos aguardando essa confirmação do Estado. A nossa expectativa é que seja concluída no pacote de investimentos do Parque”, confirmou o secretário Obras, Agricultura e Meio Ambiente, Ademir Ferreira de Assis.

O Perd receberá um investimento total de R$ 93 milhões. Os recursos para as intervenções são provenientes de decisão judicial para compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana, no ano de 2015. Atualmente está em andamento um edital de seleção pública para celebração de Termo de Parceria com uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para investimentos dos primeiros R$ 21 milhões do montante previsto, em infraestrutura, proteção e preservação dos recursos naturais e da biodiversidade do parque.

O orçamento para a reforma da ponte é da ordem de R$ 1 milhão, no entanto, a gerência do Perd ainda não confirma a inclusão da revitalização da Ponte Queimada no pacote de investimentos. Outra indefinição seria sobre qual governo faria a gestão da obra, se seria o município de Pingo-d’Água ou de Marliéria.
Notícias do antigo São Domingos do Prata/Arquivo
Depois da primeira ponte em madeira foi construída uma segunda ponte, no começo do século XX, substituída depois por outra estrutura, que está no local até hojeDepois da primeira ponte em madeira foi construída uma segunda ponte, no começo do século XX, substituída depois por outra estrutura, que está no local até hoje

Ligação sobre o rio Doce existe desde o Brasil Colônia



A história oficial mostra que o então governador de Minas Gerais, Antônio de Noronha, mandou abrir uma estrada que, passando pelo vale, fosse até a barra do Cuieté, distrito de Conselheiro Pena. Ele governou Minas Gerais de janeiro de 1775 a fevereiro de 1780.

Os operários romperam cerca de vinte léguas, em meio a “Matas Nacionais”, das quais existe hoje apenas um pedaço, o Parque Estadual do Rio Doce. Foi seu sucessor no governo, Dom Rodrigo, quem completou e inaugurou a obra.

Ficou conhecida como Estrada Aberta, ou do Degredo. A “Aberta”, como era chamada, atravessava quatro grandes pontes neste Sertão: a do Piracicaba (Antônio Dias), a ponte Alta (Ribeirão do Mombaça), a Ponte Queimada, no Rio Doce, e a do Sacramento Grande (Bom Jesus do Galho).

A ponte do rio Doce, inaugurada no fim de século XVIII, ficava pouco abaixo da atual, numa corredeira entre os saltos Jacutinga e do Inferno. A ponte foi incendiada em meados de 1793, tomando então o nome de “Ponte Queimada”. Na época, os soldados acusaram os índios, que acusaram os soldados.

Depois da primeira versão, foram construídas mais duas pontes no mesmo lugar. A atual, que hoje precisa de reformas seria, portanto, a terceira.
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Comentários

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Antonio

18 de agosto, 2021 | 18:35

“Apesar da história, é preciso evoluir. Esse papo que não pode modificar por causa da história é coisa de quem nunca foi ao local e não sofreu e nem conhece as dificuldades das pessoas da região. Resumindo: É uma fonte de desvios de verbas. Politicagem...”

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