06 de agosto, de 2021 | 14:25

TDAH e os desafios na escola

Margarete Chinaglia *

Na escola, há crianças que se sentem como em um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo: são lápis e borracha que insistem em ficar no chão, papéis amassados que voam, ruídos nos corredores, o vento bagunçando as árvores, os carros buzinando, os colegas de classe disputando atenção e um adulto falando coisas que o aluno não sabe, o tempo todo. Esses são os dilemas na vida de quem tem TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Apesar de serem bem comuns, esses detalhes do cotidiano são grandes desafios para a criança com TDAH. Os resultados logo aparecem: tirar notas baixas, conversas paralelas ou não saber o que foi falado durante a aula, ter sentimentos confusos e misturados emocionalmente, além de usar o ambiente escolar para brincadeiras emocionantes.

Também é comum a criança receber punições dos pais, quando não correspondem com resultados satisfatórios na escola. Por sua vez, os profissionais da educação, também, punem o aluno que não cumpre regras na sala de aula: quando não ficam quietos, andam e incomodam outros alunos ou interrompem a aula a todo momento.

A tendência dos pais e dos professores é advertir e irritar-se com eles, perdendo a paciência até chegar ao castigo. Isto leva a uma rejeição em sala de aula, na escola, entre os amigos e, às vezes, até na própria família. Os pais não entendem, trocam de escola e tudo se repete.

O sentimento da criança com TDAH é de impotência. Quando percebem que se esforçam ao máximo, mas
normalmente com muitas falhas, desistem de tentar, ficam com baixa autoestima, ansiedade e passam a se desinteressar pelos estudos.

Cada pessoa tem uma expectativa, mas não podemos exigir de quem tem TDAH que atendam o que esperamos dele. Há uma diferença. Por exemplo, não é que ele não queira fazer do seu jeito ou como a sociedade espera. Ele não consegue atender esta satisfação. Porém, pode-se fazer de outra maneira, usando sua criatividade e habilidade para cumprir o necessário para seguir em frente.

Quando pais e professores utilizam o reforço positivo, ou elogios diante de progressos e pequenas conquistas, promove-se a autoestima e a pessoa com o transtorno passa a superar as dificuldades, indo por outros caminhos que, até então, ninguém pensou em seguir, mas que o levará por experiências positivas, com bons resultados.

Mesmo não tendo notas brilhantes em todas as matérias, as crianças com TDAH que tiverem boa autoestima, com muita motivação e incentivo, apresentarão resultados satisfatórios, mesmo que estes sejam regulares no seu ponto de vista. O conjunto vale mais do que a própria obra!

É bom lembrar que não é uma questão de inteligência. Há comprovação científica de que quem tem TDAH pode ter inteligência normal ou até acima da média. A diferença é seu grande talento! O incentivo e o estímulo são a melhor ferramenta para o sucesso!


* Autora dos livros “Desatando os Nós do Transtorno do Défi cit de Atenção - TDA” e “Transtorno do Déficit de Atenção - TDA sob o ponto de vista de uma mãe”, é pesquisadora sobre o tema e mãe de uma jovem com TDA
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Comentários

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Tião Aranha

06 de agosto, 2021 | 20:07

“Saberes e prática: pedagogia versus psicologia. Mudar de ambiente de aprendizagem sempre traz bons resultados.”

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