12 de julho, de 2021 | 15:32

Dia mundial do TDAH - Há o que comemorar?

Marcone Oliveira * Luciana Freitas **


“Mesmo sendo uma das condições neuropsiquiátricas mais estudadas, ainda existem pessoas na atualidade que não acreditam na existência do TDAH”

O dia 13 de julho foi escolhido como uma importante data para lembrarmos de todas as crianças e adultos no mundo que apresentam o quadro de TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Este transtorno acomete cerca de 5% das crianças e cerca de 1,5% dos adultos de acordo com dados do CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. As pessoas que apresentam este quadro têm comportamentos de impulsividade, hiperatividade e desatenção que podem prejudicá-los no trabalho, na escola e até no convívio familiar. Mesmo sendo uma das condições neuropsiquiátricas mais estudadas, ainda existem pessoas na atualidade que não acreditam na existência do TDAH e, por isso, discriminam e julgam aqueles que o portam como se fosse uma escolha.

Além desses problemas enfrentados no dia a dia, a pandemia da covid-19 trouxe outros grandes desafios para os portadores de TDAH e que necessitam de atenção. Considerando a perspectiva da neuropediatra, vamos nos ater mais às questões da infância e destacar o que os estudos têm mostrado sobre essas crianças neste momento. De uma maneira geral é consenso que, mesmo em crianças típicas, observou-se uma piora no tempo de atenção. Quando observamos as crianças com TDAH essa piora da atenção foi ainda mais impactante. Além da atenção, estudos realizados na Europa, China e nos EUA têm mostrado piora em outros comportamentos, como o isolamento social, problemas de motivação, dificuldade no engajamento durante o aprendizado online e dificuldades para dormir.

Como é de se esperar, todas essas dificuldades anteriores juntas são um “prato cheio” para que crianças e adolescentes com TDAH somatizem os problemas, e outros transtornos surjam de forma associada, o que realmente tem acontecido na prática. Crianças mais ansiosas, depressivas, com tiques, compulsões entre outros quadros.

Há dois tipos principais de tratamentos para a pessoa portadora de TDAH: o primeiro é a farmacoterapia, e o outro a terapia cognitiva comportamental – TCC. O problema é que durante a pandemia as famílias também se afastaram desses dois tratamentos, seja por acreditarem que o uso do medicamento deve ser feito apenas durante o período escolar, seja pela necessidade de realizar a telesaúde ou teleterapia. Mesmo quando tinham acesso, na modalidade telesaúde, essas crianças se viam com problemas como a dificuldade de privacidade da família, dificuldades tecnológicas, pessoas interrompendo as sessões, entre outros distratores.

Concluindo, realmente não há muito o que se comemorar no dia mundial do TDAH, mas há muito o que fazer, e se você tem uma pessoa próxima com TDAH, você pode ajudá-la de algumas formas, como montando uma rotina estruturada, ajudando a definir estratégias de motivação, reduzindo distratores em casa, diminuído o tempo de tela, realizando atividades esportivas ou até mesmo promovendo atividades positivas com amigos e familiares. Não desista. O engajamento familiar é fundamental.

* Médico Neuropediatra @doutormarcone
** Neuropsicologa @lucianafreitasbh

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