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07 de julho, de 2021 | 19:00

Ex-servidor do Ministério da Saúde é detido por por mentir em CPI

Roberto Dias é detido após receber voz de prisão do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz Marcos Oliveira /Foto: Agência Senado Roberto Dias é detido após receber voz de prisão do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz Marcos Oliveira /Foto: Agência Senado

A CPI da Covid ouviu nesta quarta-feira o ex-servidor do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, acusado de cobrar propina de um dólar por dose de vacina negociada. O depoimento fluía, durante a tarde, de forma tensa, até que o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, senador Omar Aziz (PSD-AM), determinou que Roberto seja detido por prestar informações falsas à CPI.

Roberto Dias permaneceu detido por cinco horas e na noite de quarta-feira foi liberado depois de pagar fiança de R$ 1.100. Ele passa a responder o processo em liberdade. Ele deixou a sede da Polícia Legislativa do Senado Federal, por volta das 23h10, acompanhado pela advogada.

Roberto foi detido no fim da tarde, na sala da CPI, sob suspeita de estar atendendo a um esquema de bastidores para não revelar nomes de envolvidos na propina da vacina contra a covid. "Ele está mentindo desde a manhã, dei chances para ele o tempo todo para ele [falar a verdade] e tem coisas que não dá para admitir. Os áudios que temos do Dominguetti são claros. Ele vai sempre arranjar uma desculpa. Dei todas as chances e vossa senhoria não quis dizer à CPI. Aqui o senhor fez um juramento, então estou pedindo para chamar a Polícia do Senado, e o senhor esta detido pela presidência da CPI", afirmou Omar.

Ao longo de todo o depoimento, de mais de sete horas, os senadores pressionaram o depoente a falar a verdade sobre encontro ocorrido em um restaurante de Brasília, em 25 de fevereiro, entre ele, o cabo da PM, Luiz Paulo Dominguetti, suposto representante da Davati, e o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do ministério. Dias afirmou que o encontro foi casual, mas áudios atribuídos a Dominguetti, apresentados na CPI, desmentiram sua versão.

O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias confirmou o jantar no dia 25 de fevereiro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, mas afirmou que se encontrou "por acaso com o policial" no restaurante Vasto, em um shopping na região central de Brasília (DF). “Não era um jantar com fornecedor, era um jantar com um amigo”, disse o servidor público. No entanto, a CPI teve acesso a áudios do celular de Dominghetti que mostram que o encontro já havia sido marcado.

O diretor foi exonerado logo após a denúncia de propina. Ele disse aos senadores que não se tratava da compra dos imunizantes, apesar de reconhecer que conversou por mensagens de celular e por email com representantes da Davati Medical Supply.

Ao se apresentar a Dias no jantar, Dominghetti teria dito que desejava vender 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca ao ministério. A Davati, que o policial dizia representar, não tem aval do laboratório para esta negociação, conforme nota oficial já divulgada.

“Exatamente para que não se tratassem de assuntos ministeriais, de assuntos de ministério fora do âmbito do ministério, eu pedi que ele formalizasse uma agenda junto ao Ministério da Saúde, que eu o atenderia”, disse Dias.

A agenda do policial no ministério foi confirmada no dia seguinte ao jantar. Recebido por Dias na Saúde no mesmo dia 26 de fevereiro, Dominghetti não teria apresentado credenciais da AstraZeneca, segundo o ex-diretor da Saúde.

Dominghetti afirmou à CPI que foi chamado por telefone ao jantar por Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, com quem já conversava sobre a venda dos imunizantes ao governo federal. O policial disse que os três o esperavam no restaurante.

Dias disse que comentou com Blanco que estaria no restaurante. O ex-diretor da Saúde afirma que não conhecia até ali o policial militar, e que antes havia trocado mensagem apenas com outro representante da Davati.

Dominguetti relatou ainda que Roberto Ferreira Dias pediu propina de um dólar por dose em troca do contrato assinado, durante o encontro no restaurante Vasto. À CPI, o ex-servidor do ministério negou ter pedido propina e chamou o policial militar de "picareta".

Desabafo no momento da prisão

Quando anunciou que o depoente seria preso por mentir, o presidente da CPI fez um desabafo: "Não aceito que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos e os caras brincando de negociar vacina! Ele está preso por perjúrio, e que a advogada me processe, mas ele vai estar detido agora pelo Brasil", indignou-se Aziz, que perdeu um irmão pela covid-19.

No áudio, ouve-se Dominguetti afirmando a um interlocutor: "Quem vai assinar é o Dias. Quinta tem uma reunião pra finalizar com o ministério. Nós estamos tentando tirar do OPAS [Organização Panamericana da Saúde] para ir para o Dias direto. Essa conversa que eu estou tendo contigo é em off. O Dias vai ligar para o Cristiano [CEO da Davati no Brasil] e conversar com o Herman [Cardenas, CEO da Davati] ainda hoje (...). Já cientificando a turma que a vacina está à disposição do Brasil. Se o pagamento for via AstraZeneca, melhor ainda".

Fonte: Agência Senado
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