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07 de julho, de 2021 | 17:47

Paralisação no transporte rodoviário em Timóteo e Fabriciano vai parar na Justiça

Trabalhadores da Saritur cruzam os braços por pagamentos de direitos trabalhistas; Empresa alega que paralisação é ilegal

Nina Brum
Paralisação dos funcionários ocorreu na manhã de quarta-feira (7) Paralisação dos funcionários ocorreu na manhã de quarta-feira (7)

Os usuários do transporte coletivo em Coronel Fabriciano e Timóteo foram pegos de surpresa na manhã de quarta-feira (7). Isso porque os trabalhadores rodoviários da concessionária Saritur cruzaram os braços numa paralisação que deixou as duas cidades sem a prestação do serviço durante algumas horas.

Conforme apurado pelo Diário do Aço, o ato foi para protestar contra o atraso no pagamento de direitos trabalhistas, o protesto permanece e pode abranger Ipatinga a qualquer momento. A empresa publicou nota afirmando que a situação é ilegal. De fato, no começo da noite, uma decisão judicial determinou a volta de 60% do pessoal paralisado, e o sindicato optou por suspender a mobilização. Os ônibus voltaram a circular ainda nesta noite.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Coronel Fabriciano (Sinttrocel), Marlúcio Negro, um dos motivos de os trabalhadores terem pedido apoio na manifestação foi por causa do pagamento das horas-extras, conforme o Diário do Aço noticiou mais cedo. O dirigente explica que existe um atraso referente ao período de abril de 2020 a abril de 2021.

“E na campanha salarial ficou acertado que a empresa iria acertar no pagamento de junho 30% das horas que estão no banco. Mas ela não cumpriu e tem trabalhador que saiu de férias mês passado, retornou e não recebeu o valor correspondente. Outro problema é que a empresa prometeu que os intervalos de cinco, dez minutos de ponto seriam considerados como hora trabalhada, mas passaram a descontar, fizeram o inverso”, disse o presidente.

Ainda segundo Marlúcio, a empresa não havia manifestado a respeito do impasse até a tarde desta quarta-feira, acrescentou também que a diretoria do sindicato está à disposição para voltar a negociar, mas que os trabalhadores devem concordar em suspender a paralisação.

Transporte reduzido durante o dia

Marlúcio Negro detalhou que o transporte foi retomado em Timóteo logo depois das 11h, com cinco veículos. Em Fabriciano seis linhas circulavam pela cidade na tarde de quarta-feira. O protesto é por tempo indeterminado e é possível que não haja veículos novamente nesta quinta-feira (8).

Resposta da Saritur

Procurada, a direção da Saritur informou, por meio de nota, que foi pega de surpresa pela manifestação desta manhã e que não foi informada com 72 horas de antecedência, como previsto em legislação.

“A falta de aviso e a recusa em cumprir escala mínima em um serviço essencial tornam a manifestação ilegal. O acordo já foi feito, constando ata, o que significa que não existe motivo para tal paralisação. Estamos nos esforçando para retomar as operações normais o mais rápido possível”, relatou a empresa.

Deu polícia no protesto

Por volta das 14h, uma confusão teve início na garagem do bairro Floresta, em Coronel Fabriciano, onde a Polícia Militar esteve para verificar a situação. Entretanto, trabalhadores afirmaram que não havia motivo para intervenção policial no local. Em um dos vídeos gravados, uma usuária do transporte exigia o exame toxicológico dos trabalhadores, como forma de interpelar a categoria, que estava parada no local.


Audiência pública evidenciou problemas financeiros de concessionárias do transporte



Os problemas enfrentados pela população no transporte coletivo foram tema da audiência pública realizada na noite da última terça-feira (6), no plenário da Câmara de Coronel Fabriciano. Solicitada pelo vereador Zezinho Sintrocel (PCdoB), o evento teve também a participação do deputado estadual Celinho Sintrocel (PCdoB), que é membro da Comissão do Transporte da ALMG; do gerente administrativo da Saritur, Anivair Dutra; do representante da Univale, Getúlio Araújo e do representante da Acaiaca, Ângelo Augusto Sena. Além de populares de diversos bairros e vereadores.

A procuradora da empresa, Janine Ramalho, fez uma explanação sobre as dificuldades e desequilíbrio financeiro da empresa, causado principalmente pela pandemia e pelos altos gastos para manter o sistema funcionando, totalizando um total de prejuízo no valor de R$ 3,6 milhões desde o início desta pandemia. No relatório apresentado por Janine, o valor da tarifa municipal em Coronel Fabriciano deveria ser de R$ 8,03 para pagar o custo operacional. Hoje, o valor da passagem é R$ 4,10.

Além da redução da demanda e consequente diminuição da oferta, a empresa também aponta como responsável pelo prejuízo a gratuidade da passagem para alguns grupos da sociedade (atualmente, 18% dos usuários têm direito à isenção) e ainda os impostos, sendo Fabriciano uma das poucas cidades onde ainda há a cobrança de ISS de 4% em cima da tarifa.

Solução

Uma das soluções apontadas por Celinho Sintrocel seria o financiamento público do transporte, assim como já ocorre na saúde e na educação. “Não estou falando de enriquecer os proprietários das empresas, mas, de possibilitar uma tarifa mais barata para a população e com isso uma campanha de conscientização e promoção em favor do transporte público, que é um serviço essencial”, defendeu o deputado estadual.

Nina Brum


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