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07 de julho, de 2021 | 13:32

CPI convoca religioso que negociou vacinas pelo triplo do preço de mercado

Senah
Amilton é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos HumanitáriosAmilton é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários
Agência Senado
A CPI da Pandemia decidiu, nesta quarta-feira (7), pela a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula. Em março deste ano, o religioso recebeu aval do Ministério da Saúde para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro. Amilton é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).

De acordo com o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o valor das vacinas negociadas pelo reverendo era de US$ 17,50. “Três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano. O valor também é bem maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde na mesma negociação de 400 milhões de doses. Ele informou que o valor da vacina vendida era de US$ 3,50”, argumenta o parlamentar.

A CPI aprovou ainda a convocação do servidor do Ministério da Saúde William Amorim Santana. Segundo Randolfe, o servidor “tem conhecimento de informações relevantes” sobre o contrato celebrado entre a União e a empresa indiana Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses do imunizante Covaxin.

A comissão também chamou para depor a diretora-executiva da VTCLog, Andreia Lima. A empresa é contratada pelo Ministério da Saúde para receber, armazenar e distribuir as vacinas contra o coronavírus.
Agência Senado
Roberto Dias Ferreira é ouvido na CPI da covid Roberto Dias Ferreira é ouvido na CPI da covid

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias presta depoimento hoje

Nesta quarta-feira a CPI da Covid ouve o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, exonerado do cargo assim que vieram à tona as denúncias de irregularidades na negociação de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca.

Dias negou que tenha intermediado uma reunião entre o policial militar mineiro, Luiz Paulo Dominguetti e o coronel Elcio Franco, então secretário-executivo da pasta.

Dias também negou que tenha encaminhado a instâncias superiores a proposta de Dominguetti para venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.

"Ele [Dominguetti] entendeu que tinha chance de fazer e procurou [Elcio Franco] direto. Essa iniciativa não foi minha. Não faço triagem de propostas que interessam ao governo — disse.

Dias afirmou ainda que “não havia requisitos para a negociação” entre o Ministério da Saúde e  Dominguetti. Isso porque o policial militar não apresentou uma carta de representação para comprovar o vínculo com a empresa Astrazeneca.

"Não havia requisitos para negociação. A única que fazia sentido naquele processo era se existisse uma carta de representação da Astrazeneca. Eu abriria um processo e encaminharia ao secretario-executivo. Você diz que vende um produto: você tem a carta de representação deste fabricante? Não? Morre o assunto", afirmou Dias.

Roberto Dias disse que tudo começou em um jantar, em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, em Brasília, quando o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o viu no restaurante e apresentou uma proposta de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.

Blanco estava acompanhado do PM Luiz Paulo Dominguetti. Dias informou ao relator da CPI que esta proposta já havia circulado pelo Ministério. E acrescentou ter informado a Blanco que só trataria do assunto em reunião formal no Ministério, durante o expediente de trabalho.

Roberto Ferreira Dias confirmou conhecer o líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), mas disse que o deputado não foi o responsável por sua indicação ao cargo no Ministério da Saúde.

Segundo o depoente, o então deputado Abelardo Lupion enviou seu currículo ao  então ministro da Saúde Henrique Mandetta, que o nomeou.

Senadora contesta versão

Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), Roberto Dias não é convincente ao dar a entender que aceitou tratar formalmente de negociações para a aquisição de vacinas da Covaxin, quando ainda era diretor do Ministério da Saúde, a partir de um encontro no restaurante Vasto em Brasília, em 25 de fevereiro, de forma inesperada para ele.

"O senhor não acha coincidência demais, senhor Roberto? O senhor vai a um shopping num restaurante, com um amigo que tem expertise exatamente nessa área. Lá o senhor encontra por acaso um negociante oferecendo 400 milhões de vacinas ao lado de um ex-assessor seu [referência ao coronel Marcelo Blanco]. Um negócio de R$ 30 bilhões. É muita coincidência, e o negociante [referência a Luiz Paulo Dominghetti] estava hospedado num hotel em frente ao shopping e já havia apresentado propostas à pasta. E tudo é agendado rapidamente para que o senhor receba essa pessoa no dia seguinte no ministério. Não consigo acreditar na sua versão, me desculpa", finalizou a senadora.
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Comentários

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Antonio Dimas Guedes Otoni

08 de julho, 2021 | 13:18

“Deve ter cobrado dízimo sobre as vacinas......isso porque ele preside uma entidade humanitária.....”

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