04 de julho, de 2021 | 10:00

Médica avalia vacinação de gestantes próximo à data do parto

Álbum pessoal
Cristiane Amaral Espíndola é médica ginecologista e obstetraCristiane Amaral Espíndola é médica ginecologista e obstetra
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
A vacinação contra a covid-19 tem alcançado um número maior de brasileiros e, no caso das gestantes, a imunização ocorreu mais rapidamente. Como todo novo cenário, a pandemia trouxe o desconhecido para este grupo, que naturalmente está mais propenso a complicações como a trombose, provocada pela formação de coágulos de sangue. Recentemente, esta possibilidade foi ventilada num consultório de Ipatinga, num diálogo flagrado pela reportagem do Diário do Aço.

Duas grávidas, temerosas pela proximidade do parto, adiaram o recebimento da segunda dose, em razão de uma possível complicação em sua cesariana, que poderia ser causada pela vacina. A médica ginecologista e obstetra cooperada da Unimed Vale do Aço, Cristiane Amaral Espíndola, opina a respeito e aconselha sobre o que pode ser feito neste caso. Ela aponta que a vacina contra a covid é segura para as gestantes, mas faz ponderações.

“Vale a pena sim tomar a vacina, apesar de não haver estudos a longo prazo, os que foram feitos mostram que as vacinas são seguras. Num deles utilizaram placenta de mães vacinadas e viram que não estava danificada. Outro detalhe: é a única maneira de o bebê já nascer imunizado. Os anticorpos da mãe serão passados pela placenta ao neném”, reitera.

Risco

Sobre a vacinação próximo à época do parto, Cristiane acrescenta que existem alguns indícios de que a aplicação, não somente contra a covid, gera uma reação inflamatória no organismo, que pode causar febre e alterações nos exames. Isso pode dificultar a intepretação se aquilo é causado pela vacina ou se os sintomas podem ser sinais precoces de uma infecção pós-operatória. “A vacina tira o parâmetro de identificação mais precocemente, além disso, existe uma possiblidade de que o procedimento cirúrgico diminua a eficácia da vacina. Não há registros de complicações anestésicas ou cirúrgicas graves, mas devido ao risco, apesar de não ter evidência, sugere-se o intervalo mínimo entre vacinação e o procedimento de 15 dias”, avalia a médica.

Ela salienta que a vacina, principalmente no caso da Astrazeneca - que não está mais sendo aplicada em gestantes-, tem uma possiblidade de desenvolvimento de coagulação. A cirurgia ou qualquer ato cirúrgico aumentam essa chance. E a gestante está muito mais propensa a ter trombose. O ideal é que ela não seja submetida a uma cirurgia eletiva e que possa ser adiada. No caso da cesárea, alguns casos não são escolha, são necessidade. “É tudo muito novo, mas como no caso da Astrazeneca tivemos indícios de que ocorre o aumento dessa coagulação - e a grávida já tem mais tendência a trombose-, o melhor seria adiar para tomar essa vacina depois do parto”, reforça.

Orientações

As orientações para as grávidas no fim da gestação em período de pandemia, são mesmas do início e decorrer da gravidez: ficar em casa o máximo possível, lavar as mãos várias vezes ao dia, usar álcool em gel e máscara. “Mas da forma correta. É comum vermos as pessoas usarem a máscara com nariz do lado de fora e isso não resolve. É preciso tomar cuidado para evitar a doença. Porque enquanto a vacinação não atingir um número expressivo de pessoas, que seria entre 65 e 70% de vacinados, a circulação do vírus ainda é muito grande. Inclusive pode pegar e passar para uma pessoa da família, alguém que pode ter comorbidade e vir a óbito”, alerta.

Em resumo, a médica conclui que toda grávida tem mais chance de ter trombose; não é cientificamente comprovado que a vacina contra a covid aumente a chance, a não ser no caso da Astrazeneca, apesar de raro; que durante a cirurgia existe aumento de reações inflamatórias e que sintomas após o recebimento da vacina podem ser confundidos com infecção e mascarar um problema pós-operatório. “A grávida deve vacinar sim – se possível bem antes da data do parto, para que o bebê receba anticorpos-, mas se coincidir com o fim da gravidez, o ideal é que faça a cesárea e depois vacine”, conclui.
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