25 de maio, de 2021 | 00:01

Refletir sobre o presente para construir o futuro da Indústria Brasileira

Sergio Leite *


Neste 25 de maio celebra-se o Dia Nacional da Indústria e o momento não podia ser mais oportuno para se refletir sobre o papel da indústria no histórico de desenvolvimento do país, o cenário atual e suas possibilidades futuras. Nosso processo de industrialização, embora relativamente recente, permitiu que os brasileiros dessem um salto em termos de desenvolvimento, passando de um país eminentemente rural para uma das maiores economias do mundo.

Hoje, a produção da nossa indústria está inserida de tal forma no dia a dia da sociedade, que se tornou impensável um estilo de vida sem a oferta de produtos fabricados no próprio país. O aço produzido aqui está em carros, plataformas de petróleo e gasodutos, geladeiras, lavadoras de roupas e móveis. Sem contar a infraestrutura que garante o abastecimento de energia elétrica, água encanada, internet e telefonia e a produção de energia solar e eólica.

Mesmo tão presente no cotidiano das pessoas e ainda que descontados os efeitos catastróficos da pandemia de Covid ainda em curso, assistimos um cenário preocupante no setor industrial no país. Casos recentes, como a saída de grandes empresas que operavam há décadas no Brasil são emblemáticos e tornam ainda mais urgente o debate sobre o processo de desindustrialização que estamos testemunhando.

Conforme estudo da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) feito para o Estadão e comentado em artigo do Jornal da USP, mais de cinco mil fábricas encerraram suas atividades em todo o Brasil no ano passado. O mesmo artigo resgata relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), mostrando que a participação do setor no PIB vem caindo a cada ano. Em 2018, a indústria de transformação, por exemplo, respondeu por cerca de 11% do Produto Interno Bruto, quase metade dos 20% registrados em 1976. Se nada for feito, há quem estime que esses números se reduzam ainda mais.

Os avanços do agronegócio são incontestáveis e fundamentais para o crescimento da economia, mas um país de proporções continentais como o nosso precisa de uma economia diversificada, com estímulo aos diferentes potenciais e vocações. Isso se traduz em inovação, desenvolvimento tecnológico, social e ambiental, além da geração de emprego, renda e qualidade de vida.

Sabemos que a indústria brasileira é muito competitiva intramuros, mas precisamos avançar na solução dos inúmeros entraves que se colocam quando chegamos ao mercado. O crescimento da indústria em geral e do setor siderúrgico em especial está atrelado ao desenvolvimento econômico do país. Questões estruturais que inibem o crescimento, como a Reforma Tributária, os grandes problemas de infraestrutura e o excesso de burocracia, o chamado Custo Brasil e, ainda, a ausência de um sistema de defesa comercial mais fortalecido, precisam ser tratadas com muita energia e urgência.

Mesmo com tantos desafios que se avolumam com o passar dos anos, mantenho um olhar de otimismo com o futuro do nosso país. Empresas como a nossa Usiminas, uma indústria que tem mais de 90% de seus negócios focados no atendimento dos clientes internos, seguem acreditando no Brasil, investindo e se preparando para um futuro que pode e deve ser construído desde já. Estamos retomando as operações do Alto-Forno 2 da Usina de Ipatinga, último equipamento que se encontrava desligado em função das medidas de adequação que adotamos no cenário da pandemia, e anunciamos ao mercado recentemente a estimativa de investimentos em 2021 da ordem de R$ 1,5 bilhão.

A Usiminas, como tantas empresas do Brasil, nasceu de um sonho e ao longo de quase 60 anos de operação sempre teve no seu DNA a capacidade de superar grandes desafios. Continuo acreditando firmemente na força e no talento dos nossos milhares de profissionais e na inestimável contribuição que a indústria deu e seguirá dando para um futuro mais inclusivo e sustentável no país. É com esse objetivo e com muita determinação que estamos trabalhando na Usiminas e nas indústrias brasileiras.

* Presidente da Usiminas
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

25 de maio, 2021 | 11:20

“Excelentes artigo e análise! Faltou abordar a educação pública, que não consegue formar mão de obra qualificada nem para o setor de prestação de serviços. Para o setor secundário, e não estou pensando na Indústria 4.0, estamos décadas desfasados.”

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