23 de maio, de 2021 | 09:00

"Adotar é escolher amar alguém incondicionalmente", destaca psicóloga

Perfil de adoção mudou, mas preferência por mais novos ainda existe

Repórter Bruna Lage
Bruna Lage
Pais interessados em adotar já aceitam a ideia de adotar crianças com mais idadePais interessados em adotar já aceitam a ideia de adotar crianças com mais idade

No Dia Nacional da Adoção, lembrado em 25 de maio, próxima terça-feira, o pensamento em relação aos meninos e meninas que aguardam um novo lar mudou, mas ainda precisa ser trabalhado, segundo profissionais ligados à infância e juventude ouvidos pelo Diário do Aço. Mais que somar um membro à família, o ato de adotar representa ser pai e mãe, envolvendo responsabilidades, mas acima de tudo, amor.

A coordenadora administrativa do Educandário Família de Nazaré (Efan), situado no bairro Caravelas, em Ipatinga, Ivna Alves Ferreira e a psicóloga Camila Portuense de Souza Carvalho relatam como é realizado o trabalho naquele local. Elas apontam que a adoção tardia ainda é mais difícil, mas que o ato de adotar em si não é um tabu.

“Não no caso da criança. Já no caso do adolescente é sim. Há certo preconceito em se adotar um adolescente”, aponta Ivna.

Camila Carvalho aponta que o tema não é tratado da mesma forma como há alguns anos, mas reitera que a adoção tardia, com faixas etárias mais avançadas, ainda enfrenta dificuldades. “Acredito que seja em função de todos os tabus que ainda existem, da figura do adolescente e do pré-adolescente, mas que são pontos que a família vai lidar em qualquer circunstância”, pondera.

Sobre as crianças, a psicóloga vê ainda o temor por parte dos adotantes de que a família biológica apareça e busque alguma via judicial para reaver seus direitos. “Não penso que seja um dificultador a ponto de desistirem do processo, mas passa pela cabeça das famílias. A questão da hereditariedade também pesa, de onde essa criança veio, o que pode trazer com ela de referências? São questões trabalhadas ao longo do processo de adoção e que dependem muito da pessoa. Alguns conseguem transformar isso e outros já elevam a uma tensão maior. Alguns param no meio do caminho porque não dão conta de enfrentar o que pode vir junto com essa criança ou adolescente”, revela Camila.

Acolhimento

A coordenadora do Efan explica que nem todas as crianças que estão no acolhimento institucional são encaminhadas para adoção. Existe um passo a passo, um trabalho de acompanhamento com a família biológica para ver o que ocorreu e qual suporte essa família precisa para se restabelecer e superar a situação que trouxe a criança para aquela situação. "Não dando certo esse acompanhamento, procura-se identificação com alguém da família e que possa ser uma referência, como um tio, uma tia, uma avó. Alguém que apresente um interesse em se responsabilizar. E só quando acaba essa possibilidade junto à família biológica é que há uma decisão judicial de encaminhamento para adoção. Hoje temos duas crianças com processo fechado para serem adotadas. Das 13 que aqui residem neste momento, duas irmãs estão em fase de adoção, têm três e quatro anos”, destaca Ivna.

Processo

A psicóloga judicial da comarca de Ipatinga, Camila Roque, orienta que pesquisas sobre o tema sejam feitas, para que se tenha certeza sobre a decisão. Ela reforça que o primeiro passo para quem deseja ingressar com um processo de adoção é procurar a comarca à qual pertence a sua cidade. No caso de Ipatinga, fazem parte também Ipaba e Santana do Paraíso.

“Cada uma tem informações específicas, mas uma coisa é comum, que é a documentação prevista em lei. Esse pretendente precisa participar de um curso preparatório para adoção e isso varia em cada comarca. Para falarmos do tempo que a pessoa vai levar para conseguir adotar, varia bastante. Depende do perfil para o qual está preparado. Alguns estão preparados para receber um grupo de irmãos, outros para crianças pequenas, outros para crianças maiores, com deficiência e isso varia”, exemplifica. O telefone do setor, localizado no Fórum Valéria Vieira Alves, de Ipatinga, é o 3828-6521.

Perfil

Há mais de dez anos atuando na área, Camila Roque relata que vê a preferência por crianças de até três anos, mas que de fato houve uma mudança no perfil procurado pelos futuros pais. Além disso, as pessoas têm buscado mais informações em relação à adoção e assistido a conteúdos relacionados pela internet.

“Percebemos que houve uma flexibilização nesse perfil. Quando entrei aqui percebia a preferência por bebês, mas hoje isso mudou muito, há a opção por adoção de grupo de irmãos e crianças com deficiência. De um modo geral, um conjunto de fatores envolve esse processo, e profissionais capacitados estão à disposição para auxiliar. É importante que as pessoas que desejam ter um filho adotivo saibam tudo a respeito. Porque não se trata de boa ação e sim de construir uma família, que terá demandas financeiras, de tempo e será preciso abrir mão de muita coisa, situações que um casal sem filhos não teria de lidar. É disso que se trata, é sobre formar uma família”, aconselha.

Amor incondicional

Sobre esse novo laço, a psicóloga Camila Carvalho lembra que muito além dos trâmites e papeis, o lado emocional deve ser trabalhado. “É um processo de acolhida e de escolher amar alguém incondicionalmente, essa pessoa se tornará pai ou mãe, será referência para essa criança ou adolescente, e isso tem que ser bem trabalhado. O real sentido da adoção é o amor, acima de tudo”, conclui.
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Comentários

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Messi José

24 de maio, 2021 | 13:07

“Tenho um filho, que o adotei já Adolescente para jovem, hoje ele está com 25 anos. Foi a melhor decisão da minha vida. Amo meu filho de uma forma incondicional e amor dele me transformou em de uma forma magnífica. A se todos pudessem sentir a magia do amor da adoção... ver ele cada dia superar os medos dele e ver ele alçar os primeiros vôo foi algo maravilhoso, hoje ele já não mora nem mais no estado de Minas Gerais, formou alçou vôo e hoje está muito bem...tudo bem supervisionado por mim.. graças ao meu bom Deus....”

Jaeder Teixeira Gomes

24 de maio, 2021 | 08:10

“A adoção consciente precisa ter reservado um fundo de energia para avalizar os percalços inimagináveis.
ADOÇÃO RECUSADA

Preparei bem sua cama,
Pus a mesa, fiz a festa
E ela foi ciscar a lama
Ou os mistérios da floresta.

Insisti, refiz o leito,
Melhorei minha proposta,
Mas não houve mesmo jeito
E eu perdi a minha aposta.

Perguntei à natureza
-Onde foi que eu me perdi?
O que há com o meu carinho?

E ela disse: -Com certeza
O seu reino não é daqui;
Ela é um passarinho.

Jaeder Teixeira Gomes”

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