22 de maio, de 2021 | 09:00

Rodoviários demonstram insatisfação com andamento de negociações e sindicato afirma manter articulações

Alex Ferreira
Mesmo após assembleia, funcionamento regular do transporte coletivo está mantido em Ipatinga, Coronel Fabriciano e TimóteoMesmo após assembleia, funcionamento regular do transporte coletivo está mantido em Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo

Após os trabalhadores rodoviários da Saritur no Vale do Aço manifestarem o desejo de paralisação geral do transporte público na região, em assembleia na quinta-feira (20), o sentimento de alguns foi de insatisfação com o desenrolar da situação. Isso porque uma decisão judicial que favoreceu o governo ipatinguense impediu a paralisação. A mobilização em Coronel Fabriciano e Timóteo também ficou restrita, por ora, há somente manifestações. O que está em discussão é o cumprimento de direito trabalhistas.

Nesta sexta-feira (21), motoristas e cobradores lamentaram o cenário e demonstraram tristeza com a opinião de usuários, que desaprovaram a mobilização. Um dos empregados avalia que a população tem bastante apreço pela empresa e não pelos funcionários. "Tanto que estão nos chamando de safados, falando que não queremos trabalhar, mas queremos sim, não queremos nada de graça. Só estamos reivindicando nossos direitos trabalhistas", afirmou.

Nos comentários da notícia veiculada na quinta-feira no perfil do Diário do Aço no Facebook, diversos leitores apontavam insatisfação em relação à categoria sobre uma possível greve. Por outro lado, alguns defenderam o direito de motoristas e cobradores de promoverem o ato, garantido por lei ao trabalhador.

Para o funcionário, a empresa não demonstra interesse em atender ao pleito da categoria, seja no atraso do ticket e salário, não explicação sobre a situação, bem como o não depósito do FGTS, atrasado desde 2014.

Outro motorista que preferiu não revelar sua identidade reiterou o discurso do colega. “Todos têm direito à greve. Se os direitos não estão sendo respeitados, a saída é protestar. Não vejo isso como desrespeito à comunidade e aos usuários. Eles precisam entender que somos trabalhadores assim como eles”, defendeu.

Pauta

A reivindicação da categoria é por reposição salarial/data base; vacinação contra o coronavírus; pagamento das férias no primeiro dia do gozo; pagamento de todas as horas extras trabalhadas de abril de 2020 a abril de 2021; anotação integral das horas trabalhadas de todos os motoristas e cobradores; pagamento dos débitos de descontos em folha ao Sinttrocel (apropriação indébita da empresa Saritur); e a realização de cursos profissionalizantes Sest/Senat.

Na proposta da Saritur, a empresa aceitou negociar reajuste salarial, com primeira reunião marcada para a próxima quinta-feira (27) e se comprometeu em fazer um esforço para o pagamento das férias até o quinto dia útil do mês. Além de acabar com a compensação de horas-extras, sendo ela paga a partir do mês de maio e todo o banco de horas já acumulado de abril de 2020 a abril de 2021 será pago gradativamente, até o zerar todo o saldo já existente.

Sindicato mobilizado

Nesta sexta-feira, por meio de nota, a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Coronel Fabriciano (Sinttrocel) afirmou que busca articulações para avanço nas negociações. Segundo o texto, os integrantes estiveram reunidos durante todo o dia para mobilizar ações e montar estratégias, para dar continuidade e avançar nas negociações salariais.

“O sindicato está aguardando a confirmação de local e horário da reunião na próxima quinta-feira para negociação da data/base, mas o que foi proposto pela Saritur até agora é um calendário muito prolongado, para o pagamento do saldo das horas extras de abril de 2020 a abril de 2021 e os trabalhadores reclamam ainda da falta de transparência da empresa por não disponibilizar de uma forma acessível o número de horas extras feita por cada funcionário”.

Os trabalhadores também não abrem mão de buscar uma solução rápida para a falta de recolhimento do FGTS, que se arrasta por seis anos. “E por isso o sindicato continua na busca por esses direitos, pelo retorno de uma negociação salarial paralisada desde 2020 e pela valorização da categoria. O Sinttrocel pede a compreensão da sociedade, pois a categoria precisa lutar pelos seus direitos, precisa ser valorizada e a empresa não tem cumprindo com as suas obrigações. A Saritur alega problemas de receita, mas se há problema de receita ela precisa buscar soluções junto ao poder concedente do transporte público que é o Executivo”, conclui a nota.

Saritur

Em seu último posicionamento ao Diário do Aço, a Saritur informou que diante do cenário de drástica queda no número de passageiros, que se mantém há mais de um ano, “estamos certos da compreensão dos trabalhadores neste momento de incertezas que enfrentamos juntos. A Saritur valoriza seus colaboradores e está sempre aberta ao diálogo”.

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