CADERNO IPATINGA 2024

18 de maio, de 2021 | 14:33

Mapa da Mina: rumo aos objetivos do desenvolvimento sustentável

Antônio Nahas Júnior *

“Contribuir para revitalizar o Ipanema é importante para todos nós. Este ribeirão nasce e morre em Ipatinga, desaguando no rio Doce, após serpentear por toda a cidade”

O Diário do Aço, jornal do qual sou leitor assíduo, publicou na semana passada informações sobre o valioso projeto Mapa da Mina, que está sendo implementado na bacia hidrográfica do ribeirão Ipanema pelo Instituto Interagir, em parceria com o Ministério Público. Participam do projeto, entre outros, o coordenador Alessandro Sá e o promotor Rafael Pureza.

Esse projeto iniciou-se em 2015, visitando 577 nascentes nos bairros Ipanemão, Taúbas, Tribuna, Ipaneminha, Morro Escuro e Pedra Branca e agora é retomado com a segunda fase, para sua consolidação.

A importância de um projeto desta natureza para a qualidade de vida da nossa cidade é extraordinário. Trata-se de um trabalho de preservação ambiental, contribuindo para a vida aquática e preservação do rio. É coerente com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, preconizados pela ONU: Preservação da Vida Sobre a água; Cidades com Desenvolvimento Sustentável.

Seus protagonistas desenvolvem ações de educação ambiental e conscientização dos proprietários das áreas onde existem nascentes. Os proprietários firmam acordo para cercamento das nascentes, com o propósito de evitar sua contaminação pelo uso antrópico e coibir o desmatamento.

A preservação tem que ser permanente. O proprietário da área deve sentir-se valorizado por ser um agente de proteção ambiental. E mais: terreno preservado tem valorização garantida no mercado.

Sem esta ação de conscientização, o projeto não se tornaria sustentável. Após algum tempo, tudo voltaria à estaca zero e toda a população sofreria as consequências.

Contribuir para revitalizar o Ipanema é importante para todos nós. Este ribeirão nasce e morre em Ipatinga, desaguando no rio Doce, após serpentear por toda a cidade. É um rio valente. Atravessa a área urbana de Ipatinga, sofrendo os impactos da atividade dos seus habitantes, das indústrias, do comércio, mas mantém sua fibra.

No seu curso recebe detritos de toda ordem, mas permanece altivo. Felizmente, não foi canalizado como alguns dos seus afluentes. Corre livre e solto pelo seu leito natural. Banha as principais avenidas e margeia, soberbo, o Parque Ipanema, contribuindo para sua beleza.

Em muitos trechos, nas suas margens, ainda existem reservas de mata ciliar, que preservam a aparência de um rio renaturalizado.

Quem pode dizer algo sobre isto é a bióloga Luciana Alvarenga, também participante do projeto, que faz a medição da vazão em dez pontos da Bacia Hidrográfica do Rio.

O projeto Mapa da Mina deveria servir de exemplo para que toda a cidade se mobilizasse para preservar um ativo ambiental tão valioso. Herdamos dos portugueses a cultura, segundo a qual os rios, nas áreas urbanas, não passam de caminho de esgotos. No Brasil colônia, as casas eram construídas de costas para os cursos d'água, cuja serventia se resumia a transportar os dejetos humanos para bem longe.

Aos poucos, esta concepção foi se alterando. Viver à beira de cursos d'água limpos e preservados é tornar nossa vida mais saudável e mais humana. Quem sabe chegaremos ao ponto de liberar o rio para recreação e pesca esportiva, como acontece em diversos países europeus.

O Ipanema merece nossa reverência e apoio. Cá entre nós, deveria se chamar Rio Ipatinga. Sugestão: o Mapa da Mina poderia divulgar telefone ou e-mail para quem tiver nascente ainda não cadastrada fazer contato com o projeto.

* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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Comentários

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Janice o s Peres

18 de maio, 2021 | 15:18

“Parabéns para Ipatinga por um projeto tão bonito. Várias cidades deveriam seguir o exemplo. Parabéns ao jornal e ao Antonio por escrever de maneira tão sensível sobre o Projeto”

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