16 de maio, de 2021 | 09:00
Alta do dólar impede queda de preço dos alimentos, aponta economista
Arquivo DA
Erasmo Felizardo Lima afirmou que a queda da taxa Selic nos últimos anos contribuiu para o aumento da cotação do dólar no Brasil
(Tiago Araújo - Repórter do Diário do Aço)Erasmo Felizardo Lima afirmou que a queda da taxa Selic nos últimos anos contribuiu para o aumento da cotação do dólar no Brasil
Uma ida ao supermercado atualmente pode deixar qualquer consumidor impressionado com o preço dos alimentos nas prateleiras, que subiu de forma assustadora nos últimos meses. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço dos alimentos subiu mais de 14% desde o ano passado. Os preços do óleo de soja tiveram um aumento de 103,79% e do arroz, de 76,01%, no acumulado de 2020. Diante disso, os consumidores aguardam ansiosamente pela queda de preços para aliviar seu bolso, porém, isso pode demorar a acontecer.
Em entrevista ao Diário do Aço, o economista e diretor da Cooperativa dos Profissionais de Instituições Bancárias do Vale do Aço (Coopervaço), Erasmo Felizardo Lima, informou que com a alta do dólar, que está sendo cotado a mais de R$ 5,20, impede que ocorra uma queda no preço dos alimentos. Os produtos exportados são precificados em dólar, como os alimentos. Com isso, é estimulada a venda dos nossos produtos para o mercado internacional, tornando a balança comercial cada vez mais superavitária. Isto gera a escassez de alguns produtos e, em consequência disso, há o aumento dos seus preços. Os setores primários ou secundários, ainda que façam negociações das suas transações comerciais por aqui, também terão seus produtos cotados em dólar, tornando o preço cada vez mais alto, face à prática de equiparação com o preço internacional”, explicou.
Alimentos mais impactados
Erasmo Lima também aponta quais são os alimentos mais impactados com a alta do dólar. Os produtos derivados da farinha de trigo (pão, macarrão, biscoitos) são um exemplo, que estão em alta no mercado externo, assim como o cereal (arroz e milho). Há também o óleo de cozinha, cuja matéria prima é a soja, um dos grãos que adquiriu uma elevação no mercado internacional, chegando a mais de 20%. Além disso, o grande volume de carne bovina vendida para outros mercados faz o açougue aumentar os seus preços. Este alimento se tornou escasso em nosso país, elevando ainda mais o seu custo. Portanto, todos esses produtos são impactados pelo dólar alto”, afirmou.
Aumento da Selic
No dia 5 deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic 3,5% ao ano, o que pode contribuir na baixa do dólar, conforme o economista. Com o aumento da taxa Selic, os especuladores estrangeiros retornam os seus investimentos para o Brasil, aumentando a oferta de dólar no mercado, tornando a moeda mais acessível e mais barata. Em abril, o Governo Federal utilizou das reservas cambiais para comprar dólar a preço mais caro e vender mais barato, e ainda assim, não surtiu muito efeito, levando o governo a tomar a decisão de aumentar a taxa de juros, o que incentiva a queda da moeda americana, ou seja, Selic baixa aumenta o preço do dólar. Selic alta, aumenta a dívida pública e diminui o valor do dólar”, explicou.
Ligação direta
Na avaliação do economista, a dinâmica utilizada pelo Copom, de fazer uma avaliação a cada 45 dias da taxa Selic - sendo que em muitas dessas reuniões houve a decisão de abaixar a Selic - tem ligação direta com a alta do dólar. Há outras influências geradas pelo mercado global, que também impactam no preço da moeda americana, mas basicamente, a taxa Selic tem a maior influência na formação do preço da mesma, que é referência para negociações em todos os mercados internacionais”, explicou.
Tendência
Apesar da alta do dólar, o economista acredita que existe uma tendência de queda do dólar no segundo semestre deste ano. O mercado sinaliza um aumento da taxa Selic, entre 4% e 4,50%, o que estimula a entrada de mais capital estrangeiro e mais oferta de dólar. Esta dinâmica faz o preço da moeda americana cair, o que deverá ocorrer nos próximos meses, consequentemente, pode contribuir na queda dos preços dos alimentos, que é aguardado por muitos consumidores brasileiros” concluiu.
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Rosana Santos
25 de maio, 2021 | 00:54Excelente texto, muito produtivo quando um economista nos faz compreender qual é o andamento e as consequências da alta do dólar/câmbio. Que venham mais informações :)”
Paulo
16 de maio, 2021 | 19:28"Se fizermos bobagem o dólar passa de R$5,00". Paulo Guedes.”
João
16 de maio, 2021 | 13:52Economia é calculada para manter os auto custo dos políticos o povo brasileiro recebe o real baseado no ordenado mínimo que não dar nem 200 euros mas para gastar no mercado pagamos baseado em moeda estrangeira( euros/dólar etc) políticos e servidores tinham também que ter teto salarial com base no salário mínimo sem porcentagem e acabar com esta farra do dinheiro público”
Amadeu
16 de maio, 2021 | 11:40Bom dia..
Ninguem fala sobre os aumentos dos salario do presidente e seus capangas...eles não estão nem ai com aumento dos alimentos e o petroleos.
Ok”
Paulo Cesar
16 de maio, 2021 | 10:42Será o que se passa na mente das pessoas ao lembrar que a pouco tempo atraz tudo isso era diferente. Tudo na vida e questão de escolhas e só assumir as consequências. Se alguém quiser discordar fique a vontade so discorde com fatos e argumentos. Bom domingo a todos”