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19 de abril, de 2021 | 17:26

Cozinha mineira vai virar patrimônio cultural

Estudos do Governo Estadual reforçam papel dos setor, que movimenta imensa cadeia produtiva, atrai turistas e gera milhares de empregos e rendas

John Brandão/Secult
A culinária mineira já é considerada ''um prato cheio'' para a cultura e o turismo A culinária mineira já é considerada ''um prato cheio'' para a cultura e o turismo

A gastronomia de Minas Gerais, por sua história e diversidade, vem sendo trabalhada para se tornar patrimônio cultural imaterial do estado e do país. Alguns passos em andamento, inclusive, serão fundamentais para, mais adiante, ser pleiteado junto à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) o posto da Cozinha Mineira como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Para se chegar a esse objetivo, neste momento, já começaram os estudos da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) para o reconhecimento. Outra ação articulada pelos órgãos também já está programada para a sequência, com a solicitação do registro da cozinha mineira, como patrimônio do Brasil, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“A cozinha é a alma de Minas Gerais, e vai além da sua crescente representatividade no turismo e na cultura do estado: a cozinha mineira gera milhares de empregos diretos e é responsável por 30% da vinda de visitantes ao estado, o que faz a economia girar nos diversos territórios mineiros", destaca o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.

A chegada deste reconhecimento, na avaliação do presidente da Frente da Gastronomia Mineira (FGM), Ricardo Rodrigues, irá projetar o estado mundialmente. “A cozinha mineira traz uma identidade muito única e nos coloca no patamar das cozinhas mais bem representativas do país, atraindo turismo nos níveis regional, nacional e internacional”, pontua Rodrigues.

Internacional

Atualmente, a Unesco reconhece algumas tradições relacionadas a alimentos e bebidas como parte da Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Entre eles estão a dieta da região do Mediterrâneo, a cozinha tradicional do México, a refeição gastronômica da França, a base da culinária japonesa, chamada de Washoku, além de pratos e ingredientes específicos de países, como Armênia (Lavash) e Turquia (café).

Com o reconhecimento na lista da ONU, há a possibilidade de se confirmarem algumas tendências de viagens para os próximos anos, motivadas por experiências gastronômicas e maior proximidade com as comunidades locais. ?Com base nos aspectos de diversidade, história, identidade e modos tradicionais de fazer, a cozinha mineira já é “um prato cheio” para os viajantes que saem em busca de experiências aconchegantes. Minas Gerais é o único estado brasileiro presente na lista das 10 regiões mais acolhedoras do mundo, segundo a Travellers Review Awards 2021, da empresa Booking.com.

Pioneirismo

O olhar para os sabores da cozinha mineira já faz parte das ações de reconhecimento dos bens culturais de natureza imaterial de Minas Gerais. Em 2002, o Iepha-MG registrou o modo de fazer o queijo artesanal da região do Serro, que se tornou o primeiro registro imaterial do país. Desde então, muito se avançou no campo da preservação do patrimônio cultural de natureza imaterial.

Outro bem cultural mineiro que tem referências culinárias em sua identidade é a Festa de Nossa Senhora dos Homens Pretos de Chapada do Norte, registrada como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais em julho de 2013. O inventário das casas de farinhas e moinhos de milho também está em andamento e o cadastro já contabilizou 397 casas e moinhos distribuídos em 204 municípios, sendo que o município do Serro concentra o maior número: 23 casas de moinhos cadastrados.

Tradição

A pesquisadora em gastronomia e chef de cozinha, Vani Pedrosa, salienta que a cozinha mineira sobrevive ao passar do tempo e se adapta constantemente. “Ela constitui um processo de memória do mineiro e guarda suas origens históricas, culturais e da biodiversidade do estado. Ao mesmo tempo, é inovadora e dinâmica. Ao preservá-la como um patrimônio, são resguardados a tradição, os modos de vida e o afeto de Minas Gerais", salienta.

Para o chef de cozinha, pesquisador e professor de Gastronomia, Edson Puiati, o reconhecimento vai proteger a cultura alimentar de Minas. “A iniciativa vai nos referendar como mineiros, porque carregamos patrimônio desde o nascimento, seja pelas memórias familiares ou pelas nossas próprias. Chega no momento certo, em que a nossa cozinha completa 300 anos”, analisa.

Ele destaca, ainda, a importância de toda essa trajetória ser permeada por rituais, crenças, heranças e influências de tantas etnias. “Costumo dizer que a cozinha mineira vai muito além da tradição e das histórias, pois ela se traduz, também, em comportamento, simplicidade e hospitalidade. Tudo o que reflete o jeito mineiro de ser”, finaliza Puiati.
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