17 de abril, de 2021 | 09:00

Ministério da Saúde considera incluir grávidas na campanha de vacinação contra a covid; gestantes e médica de Ipatinga opinam sobre decisão

A lista de prioridades para vacinação contra a covid-19 pode aumentar. Nesta sexta-feira (16), o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara Medeiros, afirmou que o Ministério da Saúde considera incluir todas as grávidas e puérperas na campanha nacional. Pelas regras atuais, gestantes que apresentem comorbidades estão no plano de vacinação.

Ele explica que especialistas em ginecologia obstetrícia têm uma sugestão e pedem, com bastante força, que todas as gestantes entrem nesta recomendação. “Já estamos em tratativas avançadas. Entretanto, por definição, a gestação é um período trombótico, ou seja, que favorece a formação de coágulos sanguíneos e a obstrução de vasos sanguíneos. Nós temos que ter muito cuidado porque algumas vacinas, mesmo de forma muito rara, estão mostrando efeitos colaterais neste sentido e a gente sabe que com grávida, além de se preocupar com ela, tem de se preocupar com o bebê também", afirmou.



Grávida de cinco meses, a psicóloga Fátima Aparecida Dornelas Baéssa, de Ipatinga, tem receio em relação a imunização. “É uma questão um pouco complexa. Temos percebido que as vacinas estão sendo eficazes, porém, dá um certo medo de tomar, porque ainda não há pesquisas suficientes com grávidas. É preciso saber o real efeito da vacina na criança. Se poderá trazer riscos ou não. O cenário está um pouco confuso e eu, hoje, teria medo de ser vacinada. Por se tratar de um serzinho tão indefeso”, pondera.

A também psicóloga Joellen Rocha Ferreira Martins, grávida de 22 semanas, considera importante a inclusão das gestantes no grupo. “Estamos assustadas, com bastante medo de partos prematuros e dos riscos aos nossos bebês. Já temos a imunidade mais baixa nesse período e emocionalmente estamos mais sensíveis também, não teria medo de ser vacinada. Se a recomendação vir de uma equipe médica competente, confiaria na decisão e tomaria a vacina sem medo. Ao meu ver, grávidas e bebês prematuros, assim como recém-nascidos, podem exigir muito do sistema de saúde, até mesmo por outras razões que não a covid-19, acho bons argumentos que justificariam a vacinação”, opina.

Decisão positiva

A médica infectologista de Ipatinga, Carmelinda Lobato, vê a possível inclusão como positiva. Ela reforça que as gestantes são consideradas grupo de risco para as formas graves da covid-19. “Então, priorizá-las também nesse processo de vacinação, independentemente de outras comorbidades, é importante e uma decisão que vai ajudar a protegê-las ainda mais quanto à evolução dessas formas graves da doença”, vislumbra.

A profissional acrescenta que seria um ganho no combate à pandemia. “E fortalece aquilo que a gente já sabe: o Brasil é um dos países que melhor vacinam no mundo, se não o melhor. Nosso programa nacional de imunização está muito alinhado com a necessidade da nossa população, e isso é muito bom”, conclui Carmelinda.

Vacinação

A vacinação contra a covid-19 teve início nacionalmente no fim de janeiro de 2021. Em Minas Gerais, até o dia 16 (sexta-feira), 2.591.742 primeiras doses foram aplicadas. As segundas doses somavam 911.733.