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25 de fevereiro, de 2021 | 14:02

Auxílio emergencial é necessário; corte de salários não

Antonio Tuccilio *

“São mais de 11,5 milhões de brasileiros não apenas nas repartições públicas, mas também na medicina, na educação, na segurança pública e em dezenas de outras carreiras essenciais”

Não é segredo para ninguém que desde o início da pandemia a situação econômica de centenas de milhares de famílias, foi dramaticamente afetada. Nesse cenário, o auxílio emergencial de R$ 600 pago em 2020 representou um alívio, um respiro para essas pessoas.

Ao que parece o governo federal se aproxima da aprovação de um novo auxílio emergencial por “mais alguns meses” (palavras do presidente da República). É uma boa notícia, considerando as condições precárias das mesmas famílias – que estão praticamente sem renda alguma nos últimos meses.

O problema é a maneira como o ministro da economia, Paulo Guedes, pretende tratar o tema. Se de um lado fala em prover uma fonte de renda para os mais necessitados, de outro quer repassar a conta para os servidores públicos.

O ministro da Economia estuda incluir na lei cláusula de redução da jornada de trabalho (e consequentemente de salário) dos servidores públicos para ‘cobrir’ o orçamento do novo auxílio emergencial. Não é surpresa que essa proposta venha de alguém que recentemente comparou os servidores a parasitas.

Ao que parece, certamente o ministro não se deu ao trabalho de buscar fontes mais factíveis de recursos para arcar com os custos do novo auxílio emergencial. Pois vamos ajudá-lo a saber de onde tirar receita sem prejudicar o país.

Primeira fonte: cortar os penduricalhos dos poderes Legislativo e Judiciário. Somente os deputados federais recebem, juntando todos os benefícios e contribuições, cerca de R$ 200 mil reais por mês! Será que eles precisam mesmo? Nunca conta rápida, se reduzissem em 50% os acréscimos já seria o suficiente para cobrir o novo auxílio por um bom tempo.

Segunda fonte: redução de emendas parlamentares (pelo menos durante a pandemia) e acabar com o fundo público partidário, que só em 2019 consumiu R$ 1 bilhão. Importante: uma expressiva parcela desses recursos foi destinada pelos partidos para pagamento de salários a parentes, amigos e até políticos sem mandato.

O auxílio emergencial é necessário. Isso não se discute. Mas, ao que parece, é muito fácil jogar essa conta exclusivamente para o servidor público, este sempre o vilão. Senhor Paulo Guedes, os servidores também têm famílias, pagam contas e precisam sobreviver.

Aliás, para quem pensa que os servidores públicos são parasitas, lembro que são mais de 11,5 milhões de brasileiros não apenas nas repartições públicas, mas também na medicina, na educação, na segurança pública e em dezenas de outras carreiras essenciais.

* Presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
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