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27 de janeiro, de 2021 | 17:00

Sindicato dos Trabalhadores em Educação quer discutir adequações no Plano de Retorno às Aulas em Ipatinga

Divulgação
 Isaura Azevedo Carvalho é diretora do SindUte Ipatinga Isaura Azevedo Carvalho é diretora do SindUte Ipatinga

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE), Subsede de Ipatinga, denunciou esta semana, em entrevista coletiva à imprensa o Plano Municipal de Retorno às Aulas Semi-presenciais na rede municipal de Ipatinga, que considera um plágio do Plano de Retorno utilizado pelo governo do Espírito Santo.

A diretora do SindUTE, Isaura Azevedo Carvalho, destacou que o município “está atravessando um momento muito particular, em que estamos vendo e acompanhando a situação crítica da pandemia, com novos casos de contaminação, ontem foram registrados 56 novos casos, com óbitos diários e altas taxas de ocupação dos leitos. 69% dos leitos de UTI Covid-19 SUS estão ocupados. Mesmo assim, assistimos à retirada do Programa Minas Consciente pela atual administração ao mesmo tempo que se propõe a retomada presencial das aulas no município”, salientou.

Ainda segundo a dirigente, “o retorno presencial não se justifica diante do atual momento epidemiológico, infinitamente pior que o que determinou a suspensão das aulas presenciais e o início das atividades remotas”.

Isaura destacou que o SindUTE aguarda uma nova reunião com a Secretaria de Educação, solicitada desde o dia 7 de janeiro, para discutir publicação do Protocolo de Segurança construído com pela Comissão Interinstitucional para o retorno às aulas e outras questões específicas da educação.

“Vemos com muita preocupação as medidas unilaterais que estão sendo tomadas pela SME, que sequer dialogou com a representação dos trabalhadores (as) em educação ou convocou a comissão interinstitucional”, afirmou a dirigente.

Conforme ela, “publicar um plano de retorno sem considerar indicadores importantes como numero de casos por 100 mil habitantes, taxa de ocupação de leitos, aumento da incidência da doença, óbitos, entre outros, é uma aventura. Não podemos experimentar, colocando vidas em risco. Quem determina as regras e o melhor momento para esse retorno é a ciência e não podemos negá-la”, enfatizou.

O plágio do Plano de Retorno às Aulas Semi-presenciais foi outro ponto abordado pela dirigente sindical, que considerou a cópia uma fraude intelectual, uma vez que não respeita os protocolos construídos coletivamente em Ipatinga e tampouco tem a ver com a realidade local. “Na medida em que adotam um Plano que desconsidera o fato de estarmos na Onda Vermelha, incorre-se no erro de desconhecer a realidade, fazer um diagnóstico errado e dar o remédio errado para combater a doença”, critica.

“Ficamos perplexos – prossegue Isaura - ao perceber que o Plano Municipal para o Retorno às Aulas Semi-presenciais, anunciado como uma construção robusta, pensada especificamente para a rede municipal de Ipatinga, além de decisão unilateral da Secretaria, mesmo com solicitação oficial deste sindicato para participar das construções, não passa de uma cópia literal do Plano de Retorno da Rede Estadual do Espírito Santo”.

Segundo ela, “a fraude intelectual pode ser facilmente identificada, inclusive, com a substituição de alguns termos próprios daquela rede por outros (porém, mantendo os termos de lá em outros trechos do texto), e até mesmo menciona profissionais que não existem no nosso município, a exemplo de guias-intérpretes, cópia do organograma de retorno gradual dos estudantes, alusão a nota técnica específica do ES, utilização do termo cuidadores, específico do ES em substituição ao assistente da educação especial utilizado em Ipatinga, entre outros”.

Incoerências

“Além do plágio, que já é por si grave, detectamos incongruências com relação ao próprio Protocolo publicado junto ao decreto que permite o retorno das aulas”, diz Isaura Azevedo. “Nele são previstos intervalos de 15 dias entre as etapas e é proposto um retorno escalonado do ensino fundamental, além de deixar claro que as crianças de 0 a 3 anos não retornam no momento indicado no Plano, devendo ser discutidas estratégias especificas para o retorno dessa faixa etária posteriormente. O que vemos no Plano são todos os estudantes: 4 e 5 da educação infantil, todo o ensino fundamental, EJA, educação especial, tempo integral. Todos em um mesmo momento (menciona a alternância de 50% da turma, mas retira o tempo necessário para que o revezamento aconteça) e ainda retorna com crianças de 3 e posteriormente de 0 a 2”, sublinha.

Conforme a dirigente, contraditória também é a fala do secretário de Educação de que as famílias poderão fazer a opção de manutenção pelas aulas remotas para seus filhos, não sendo obrigatório o envio deles para as unidades escolares. “O trecho do texto original do documento do Estado do Espírito Santo que evidencia essa opção das famílias foi omitido na edição de Ipatinga. No Plano do município, em vários momentos há menções sobre a necessidade da identificação dos alunos infrequentes, registros diários da frequência, relatórios quinzenais da frequência”, aponta.

Isaura diz que o plano, ao tratar da Educação em Tempo Integral, menciona “seguem as orientações”, orientações essas que não são localizadas.

O tópico sobre transporte escolar, traz um texto novo, totalmente diferente do discutido na Comissão Interinstitucional (que envolveu diversos segmentos da sociedade e poderes públicos de Ipatinga) e que nada tem a ver com as orientações publicadas no protocolo anexo ao decreto.

“A julgar pelo documento propagado como tão bem pensado e elaborado, preocupa-nos como está a organização e o planejamento das escolas para a volta às aulas neste momento em que não há tempo para erros, uma vez que pode não ser possível voltar e corrigir. Todas as vidas importam e muito”, conclui Isaura Azevedo.

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Sérgio Mendes, secretário de Educação de Ipatinga Sérgio Mendes, secretário de Educação de Ipatinga

Secretaria de Educação anuncia reunião para essa quinta-feira e afirma que modelo adotado em Ipatinga seguiu modelos adotados em outras cidades

Em nota enviada à imprensa, a Secretaria de Educação de Ipatinga esclareceu que o Plano Municipal de Retorno às Aulas a ser implementado na rede do município foi construído com participação e anuência de um competente grupo de profissionais da área, usando como base modelos adotados com pleno êxito em diversas cidades do Brasil e que, nessa quinta-feira, volta a discutir o assunto com representantes da educação.

O secretário de Educação, Sérgio Mendes, considera natural que bons exemplos sejam, de fato, tomados como referência, especialmente quando está em questão a qualidade do ensino, mola-mestra e pedra angular da desejável formação cidadã.

O objetivo central não é outro senão acrescentar valores e contribuir para o bem-estar da sociedade como um todo. Vale repetir: assim sendo, não há porque desmentir ou falsear o fato de que subsídios importantes para implantação do Plano Municipal foram recolhidos a partir de experiências bem-sucedidas já existentes.

“Estamos vivendo um momento de urgência e emergência, e o poder público não tem mais como postergar esta situação, ou adiar decisões que são necessárias e cobradas pelo conjunto da sociedade para vencer a inércia que tanto mal fez à cidade nos últimos meses. A responsabilidade do poder público é a de acelerar e, efetivamente, adotar soluções que promovam resultados em favor da coletividade", informa a nota.

Conforme a programação, o ano escolar em Ipatinga começará no dia 3 de fevereiro, e até o dia 21 ocorre a reparação das escolas e profissionais para receber os alunos. No dia 22/2 será aberto o ano letivo, obedecendo os 200 dias letivos estabelecidos pelo Ministério da Educação que devem findar dentro do ano de 2021, assim, a previsão de encerramento em 21 de
dezembro.

“A retomada das aulas é uma decisão que compete ao Governo, no entanto, o diálogo e respeito aos profissionais da Educação são prioridade, por isto todo processo de retomada está sendo construído em conjunto. Várias reuniões têm acontecido com a categoria, o calendário foi disponibilizado para apreciação dos diretores que podem trazer sugestões. Também o SindiUte tem sido recebido prontamente, momento em que promovemos o diálogo e entendimento com os representantes, inclusive no último encontro ficou agendado para esta quinta-feira (28) a próxima reunião.”, conclui a nota.
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Comentários

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Dias

28 de janeiro, 2021 | 16:26

“Senhor Jorge comece a valorizar os professores, profissionais da EDUCAÇÃO, pois as demais profissões dependem de um professor primeiro, e em nenhum momento a reportagem disse que os professores não querem retornar as atividades e seu comentário é só uma forma de desvalorizar essa classe tão sofrida, devemos sim nos preocuparmos com o retorno das aulas, pois estamos preocupados com vidas, mas infelizmente ESCOLA é uma maneira de ficar livre dos FILHOS, das responsabilidades por algumas horas, pois preocupação com o aprendizado é minoria.”

Jorge

28 de janeiro, 2021 | 13:45

“"Se os professores não quiserem retornar as aulas presenciais,pode ficar sem receber seu pagamento também"”

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