05 de janeiro, de 2021 | 14:36

Consumo e Varejo: estratégias para o sucesso na nova realidade

Fernando Gambôa *

Fernando Gambôa: 'O consumidor não é mais passivo e deve ocupar cada vez mais o centro das estratégias empresariais'Fernando Gambôa: 'O consumidor não é mais passivo e deve ocupar cada vez mais o centro das estratégias empresariais'

O setor de Consumo e Varejo está em profunda transformação, tanto no Brasil como nos demais países da América do Sul. Os consumidores estão mais informados, conectados, engajados, empoderados e exigentes. Existe um aumento expressivo, com a pandemia, do uso da tecnologia para viabilizar esta nova realidade do setor, que tem como seu principal protagonista o comércio digital.

A nova realidade exige que as empresas implementem novas estratégias de negócios para atingirem o sucesso. Apesar disso, os líderes empresariais costumam ter dúvidas sobre quais tendências observar e quais estratégias executar, frente a tanta disponibilidade de informações e soluções.

O fato é que, em decorrência da pandemia, os aspectos que envolvem a segurança pessoal dos consumidores passaram a ser prioritários para 40% dos consumidores brasileiros, de acordo com a nossa pesquisa "Consumidores e a nova realidade", conduzida com mais de 75 mil consumidores no mundo, durante o período de 29 de maio até 21 de setembro de 2020.

Este é um fator complementar a outros relevantes para os respondentes, como custo-benefício (68%) e facilidade de compra (40%). A pesquisa evidenciou também que o gasto líquido com todas as categorias de comércio entre seis e doze meses será 22% menor em relação ao período anterior da pandemia. Outro dado é que 21% dos consumidores desejam ficar em casa o máximo possível, o que também deve impactar ainda mais as vendas nas lojas físicas e impulsionar positivamente o comércio digital.

Como parte da estratégia para as organizações superarem os desafios de negócios e operacionais nesta nova realidade, há três vertentes relevantes: valor e propósito são fundamentais, os consumidores estão adiando compras não essenciais e sabedoria digital, ou seja, organizações com maior acesso digital devem ter dos consumidores um interesse de continuidade na relação; confiança multidimensional, ou seja, os consumidores confiam em empresas com as quais tenham um alinhamento de propósito, que priorizam suas necessidades e que mantenham os seus dados seguros.

Além dessas mudanças, o mercado das empresas do varejo também está aquecido. É o que revela uma outra pesquisa que conduzimos, a qual indicou que o Brasil registrou 3 fusões e aquisições de varejistas no 3T20, um aumento se comparado com o 2T20, quando não houve nenhuma transação assim no setor. O segmento de shopping centers teve 2 transações no 3T20, contra 1 no 2T20. Nos supermercados, não houve nenhuma transação no 3T20, mas 2 foram realizadas no 2T20.

No passado as fusões no setor tinham o objetivo de obter sinergias operacionais, ganhos de escala e conseguir aumentar a participação de mercado. Atualmente, as empresas estão mais estruturadas do ponto de vista operacional e de governança, bem como estão com uma melhor gestão do caixa, e em busca de capacidades ou soluções complementares aos seus negócios. São, portanto, transações mais cirúrgicas, direcionadas para a execução da estratégia organizacional no longo prazo.

O consumidor não é mais passivo e deve ocupar cada vez mais o centro das estratégias empresariais. Há vários desafios para as organizações e as soluções estão em fomentar novas experiências, ter um modelo eficiente e ético para o uso de dados, investir em novas plataformas, cuidar da segurança digital, transformar modelos de negócios, ter uma cadeia de suprimentos responsiva e implementar tecnologias direcionadas para o crescimento dos negócios.

* Sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.
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