19 de dezembro, de 2020 | 00:01

Outro vacilo

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
O Cruzeiro decepcionou a sua torcida mais uma vez, ao só empatar em 1 x 1 com o Avaí, em Florianópolis, sofrendo o gol de empate nos acréscimos e tornando quase impossível a sua situação em termos de acesso à Série A ainda este ano, coisa que já era muito difícil.

Agora, para subir, o time terá que vencer os próximos oito jogos que lhe restam na competição, além de torcer por tropeços dos adversários à sua frente. Em 9º lugar na tabela, com 40 pontos ganhos, o único consolo é que afastou o perigo de rebaixamento à Série C.

O jogo foi morno, tecnicamente horrível, e mesmo assim o Cruzeiro “achou” um gol no primeiro tempo, na única finalização certa, e tinha a vitória nas mãos.

Mas, como diz o ex-técnico e agora dirigente do São Paulo, Muricy Ramalho, “a bola pune”. E nos acréscimos, 49 minutos do 2º tempo, o gol de empate do Avaí foi como uma espécie de castigo merecido, pois com a vantagem no placar o Cruzeiro não se preocupou em pressionar o adversário, ampliar a vantagem, se impor, causando outra decepção à sua torcida.

O “x” da questão celeste é que o time de Felipão, com alguma organização, continua apresentando os mesmos erros de criação e marcação que eram vistos em campo quando os antecessores, Enderson Moreira e Ney Franco, estavam no comando.

Pingos nos “is”
Desde que foi contratado, no início do ano, o trabalho do técnico argentino, Jorge Sampaoli, tem recebido muito mais elogios do que críticas. Mas Sampaoli é de carne e osso e também erra. E quando isto acontece ele precisa ser cobrado, até porque é muito bem pago pelo serviço que presta ao clube.

O que se sabe é que o técnico não gosta de ser cobrado, questionado por ninguém, e se irrita quando surge um menor sinal nesta direção, por conta disso já tendo se desentendido com o diretor de futebol, Alexandre Mattos.
Então, aproveitando a troca da diretoria nos próximos dias, onde o futuro presidente, Sérgio Coelho, com perfil conciliador, irá assumir o posto de mandatário do clube, acho que chegou a hora de botar os pingos nos “is”.

De forma assertiva, sem ferir o ego inflado do técnico argentino, cujo trabalho é bom e merece continuar, o novo presidente vai ter que pôr a bola debaixo do braço e dizer a ele que o Atlético é uma instituição gloriosa, centenária, muito maior do que todos lá dentro, e, portanto, deve ser cada qual no seu cada qual.

FIM DE PAPO
• Surfando na onda dos altos investimentos feitos pelo clube, através de seus “investidores”, Sampaoli de fato colocou o Atlético em outro patamar, brigando na parte de cima da tabela, o que não acontecia há bastante tempo. E as chances de vir a colher bons frutos à frente são enormes, caso o seu trabalho continue. Mas, como tudo na vida, algumas correções de rumo precisam ser feitas, sobretudo na parte tática, pois é inadmissível que uma equipe de ponta apresente tamanha fragilidade no setor defensivo. Dos clubes que ocupam o G-6, a defesa atleticana é a mais vazada, com 34 gols, 13 a mais que a do líder, o São Paulo.

• O bom trabalho de Cuca à frente do time do Santos também contribui para aumentar a pressão sobre Sampaoli, vinda principalmente de alguns membros da atual diretoria prestes a sair, o que nada contribui para o momento que a equipe atravessa.

De fato, Cuca foi campeão da Libertadores com o Galo, em 2013, e tem tirado leite de pedra no Santos, que vive há algum tempo um quadro caótico, onde, entre outras coisas, ficou sem poder contratar reforços por causa de dívidas na Fifa, teve o presidente afastado por um processo de impeachment e se meteu ainda naquela absurda tentativa de contratação de Robinho, condenado por estupro, na Itália. Isso sem falar do surto de Covid, que deixou o treinador internado uma semana, além de atingir seu principal auxiliar, o irmão Cuquinha.

• É cada dia mais assustador o número de casos da Covid-19 entre jogadores e pessoas ligadas ao futebol nas competições da CBF. A entidade banca apenas os testes do treinador e dos 23 atletas relacionados para cada partida. A comissão técnica e o resto do estafe ficam por conta dos clubes, sem fiscalização alguma ou punição. No atual Brasileirão, as mais de 200 pessoas necessárias para a realização de um jogo não são testadas. Então, alguém acredita mesmo que todos os clubes, alguns deles mais quebrados que arroz de terceira, estão desembolsando grana toda semana pagando testes extras?

• Assim, são ignorados os profissionais como motoristas de ônibus, equipes de limpeza, seguranças, gandulas, repórteres e muitos outros, que juntamente com suas famílias, não estão sendo monitorados. Por isso a quantidade de casos registrados da Covid-19 toda semana, que já resultou em diversas mortes. O futebol deveria ter voltado, sim, mas não dessa forma que aí está, pois há dinheiro suficiente na CBF para investir e proteger melhor quem faz ou garante a sobrevivência da sua galinha dos ovos de ouro. Falta pressão dos clubes sobre a entidade e fiscalização do governo, que, por sua vez, insiste em ignorar o perigo desse vírus maldito. (Fecha o pano!)
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