01 de novembro, de 2020 | 17:00

A busca pela cura

Márcia Mayumi Fujisawa *

Muitas vezes, ao nos depararmos com algum incômodo, dor, sangramento, procuramos o auxílio de um profissional médico, a fim de obtermos um diagnóstico, um tratamento. Na maioria das vezes, se pensa e busca tratar somente o físico, mas nós somos um ser bio-psico-sócio-espiritual, em outras palavras, temos um corpo, uma mente, nos relacionamos em sociedade e buscamos a transcendência (tendo religião ou não).

Entender esta dinâmica, nos ajuda a tratar a pessoa como um todo, e não parte dela. Ajuda também o paciente se dar conta de que precisa se cuidar como um todo, e não somente tomar um medicamento.

Certa vez atendi uma pessoa no pronto atendimento com queixa de dor de cabeça. Ela estava tendo crises há algum tempo, tinha histórico de passagens pelo pronto socorro, já havia feito uma investigação, mas o fato é que não melhorava. Após duas medicações diferentes, sem melhora, fui novamente conversar com o paciente, afinal devia ter mais alguma coisa. Ele não havia associado a perda do pai, há alguns meses, a essa dor, mas os fatos coincidiam. Chorou bastante, pois ainda estava tudo muito vivo, era recente. Sem mais nenhuma medicação, ele melhorou. Era a dor da perda que estava desencadeando a dor de cabeça.

Em relação à nossa parte social, devemos considerar que não vivemos sozinhos, precisamos uns dos outros. Nossos familiares, amigos podem ser importante fator para contribuir com a nossa melhora. Ter alguém, se sentir amado, saber que alguém próximo se importa conosco faz muita diferença.

Do mesmo modo, sabe-se que pessoas que têm fé, que rezam, conseguem obter melhores resultados em tratamentos de câncer, doenças cardiovasculares, além de conseguirem melhores taxas de êxito para controlar algum vício, como parar de beber e de fumar. Cientificamente já se observam vários trabalhos que comprovam que a espiritualidade/religiosidade interferem no processo saúde e doença. Entenda-se espiritualidade como busca pessoal para entender questões finais sobre a vida, seu sentido, e religiosidade como aquilo que o indivíduo acredita, quando segue e pratica uma religião.

Muitas pessoas que buscam fortalecimento pela espiritualidade vivenciam todos, ou pelo menos, alguns destes pontos: perdão, gratidão, auto-perdão, resiliência, amor. Estas atitudes e sentimentos acolhedores, quando colocados em prática, beneficiam o nosso organismo.

Quando temos dificuldades ou não conseguimos perdoar, sentimos raiva ou rancor, esses sentimentos agem como um veneno, desencadeando transtornos de ansiedade, depressão, estresse crônico, comprometendo a nossa saúde mental e física.

Ter consciência de que temos um corpo, uma psique, vivemos em sociedade, e temos uma dimensão espiritual, faz com que compreendamos e cuidemos de tudo que nos envolve. Para termos saúde, todas estas áreas precisam estar bem, e não é somente com um medicamento que alcançamos a cura!


* Missionária da comunidade Canção Nova e médica no Posto Médico Padre Pio, em Cachoeira Paulista (SP)
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