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24 de maio, de 2020 | 10:00

Profissional da Enfermagem relata desafios diários na profissão

Em entrevista ao Diário do Aço, o técnico em enfermagem Johnatan Alves Cordeiro falou sobre os desafios da sua área de trabalho e quais sãos as melhorias necessárias para a categoria

Álbum pessoal
Johnatan Alves Cordeiro acredita que há uma falta de reconhecimento em relação aos trabalhadores da área da Enfermagem Johnatan Alves Cordeiro acredita que há uma falta de reconhecimento em relação aos trabalhadores da área da Enfermagem
(Tiago Araújo - Repórter do Diário do Aço)
Considerada uma área de trabalho que se dedica a cuidar e preservar a saúde das pessoas, a Enfermagem inclui diversos profissionais que batalham constantemente em hospitais, Unidades Básicas de Saúde, clínicas e Unidades de Pronto Atendimento. Além de trabalhar com a parte física dos doentes, em muitos casos os profissionais da área da Enfermagem oferecem apoio emocional aos pacientes em seus momentos mais difíceis.

Em entrevista ao Diário do Aço, o técnico em enfermagem Johnatan Alves Cordeiro falou sobre os desafios da sua área de trabalho e quais sãos as melhorias necessárias para a categoria. Na avaliação dele, há uma falta de reconhecimento em relação à capacidade e responsabilidade dos profissionais da Enfermagem. “As pessoas também precisam se lembrar que, diariamente, milhares de vidas são salvas graças ao auxiliar, o técnico de enfermagem e enfermeiro, pois são eles os que permanecem por mais tempo e mais perto de todo paciente hospitalizado. Contudo, por mais que se faça isso com amor, a falta de reconhecimento de algumas pessoas, instituições e autoridades torna-se o trabalho pesaroso. Esse peso psicológico ou emocional, sem dúvida, é um dos maiores desafios enfrentados pela categoria”, lamentou.

Outro desafio

Para Johnatan Alves, se não bastasse essa falta de reconhecimento, a categoria enfrenta atualmente outro desafio em seu ambiente de trabalho, que é o novo coronavírus. “Se eu pudesse resumir esse cenário em uma palavra, seria ‘tenso’. O fato da covid-19 ser nova faz com que protocolos de atendimento sejam mudados o tempo todo, incluindo a forma de abordar um potencial paciente ou o uso de Equipamentos de Proteção Individual. Isso mudou muito nos últimos dias, até mesmo para a população, e isso não nos ajuda a nos sentirmos seguros”.

Preocupação

O técnico em enfermagem também relatou que apesar de todo cuidado adotado, ainda há um certo medo em ser contaminado pelo vírus e transmiti-lo para seus familiares. “Nosso coração também fica apertado, porque o medo de levarmos o coronavírus para as pessoas que a gente ama, como as nossas famílias, torna todo o atendimento ainda mais tenso. Para quem está trabalhando diretamente com isso, o dia todo e todos os dias assim, é realmente muito difícil”, avaliou.

Salário da categoria

Conforme Johnatan Alves, o salário de todo profissional deve ser compatível com o grau de complexidade e responsabilidade de uma tarefa, porém, ele acredita que isso não ocorre dentro da área da Enfermagem. “Trabalhamos diretamente com vidas. Nós não temos margem de erro. É preciso ter muita atenção a cada medicação aplicada e equipamento monitorado, além de cada sinal apresentado pelo paciente, mesmo a sua queixa mais subjetiva, independente se o profissional está trabalhando nos turnos das 19h às 7h ou das 23h às 7h”, detalhou.

O técnico em enfermagem também apontou que a categoria fica exposta a doenças sérias no trabalho, além de risco de agressões físicas no tratamento de pacientes agressivos, ou então precisam conviver com a perda de pacientes em que tiveram um longo convívio. “É sim extremamente complexo a nossa profissão. Uma responsabilidade indiscutível. Infelizmente, no Brasil, a remuneração da categoria não responde ao que se cobra dela”, destacou.

Projeto de lei

Atualmente, há em discussão no Senado o Projeto de Lei 2.564/2020, que beneficia os enfermeiros ao definir um salário inicial para a categoria e demais atividades auxiliares. Para Johnatan Alves, há grandes chances de que o texto seja aprovado. “Imaginar que finalmente seremos devidamente reconhecidos por aquilo que fazemos, isso não cabe no peito. Eu sou grato a Deus pelo que temos, e pela forma que a população tem demonstrado todo seu afeto a nós, profissionais da saúde, nesse momento de pandemia. Mas esse projeto, se aprovado, nos permitirá ter uma segurança física e psicológica, para nós e pra nossa família, para continuarmos mais confiantes e a demonstrar todo nosso amor pelas vidas, seja nos postos de saúde, nas clínicas, nas ambulâncias de emergência, nas empresas, nos hospitais, enfim, onde elas precisarem de nós”, afirmou.

Felicidade

Johnatan Alves concluiu a entrevista contanto como surgiu sua paixão pela Enfermagem, que começou dentro de sua casa, ao presenciar a mãe cuidando do seu pai, que tinha Mal de Alzheimer, e de seu avô, que era acamado. “Estou no trabalho na enfermagem há sete anos, dos quais, cinco com internação e dois com atenção primária. Meus estudos começaram após eu consegui uma bolsa na faculdade. Aí eu formei e consegui arrumar um emprego no Vale do Aço mesmo. Sou extremamente feliz e grato a Deus pela minha profissão. Trabalho intensamente, o máximo que posso e também para motivar meus colegas e pacientes ao meu redor. Enfim, agradeço à enfermagem e pela minha profissão que eu valorizo. Uma categoria que amo e que espero que seja encontrado reconhecimento que merece”, concluiu.
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Comentários

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Zoio de Zoiar

25 de maio, 2020 | 12:43

“O primeiro desafio desses excepcionais e valorosos profissionais é o baixo salário. Do que adianta bater palmas, se na lata da casa tá faltando a comida. Palma não enche barriga, mas salário digno sim.”

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