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23 de maio, de 2020 | 09:15

Máscara Negra: uma nova marcha

Marli Gonçalves *

A marcha entoada agora é fúnebre. E mesmo ela só pode ser silenciosa, já que não há tempo, esse senhor que nos mastiga, sempre empurrando, sempre sem volta. Os dias passam em um ritmo inexplicável. Cada um de nós os terá marcados na vida de uma forma, e sem que se possa saber o que será; mas certamente o que será, será.

“...Quanta tristeza! Quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos pelo chão

Todos estão chorando

No meio da multidão.

-

Quanta tristeza, oh, quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos no salão

Joãos, Marias e Josés chorando

No meio da multidão

-

Que bom será te ver outra vez

Tá fazendo meses

O carnaval que passou, o mundo parou

Eu sou quem te abraçou e te beijou, meu amor

-

Na mesma máscara branca, negra, colorida

Que esconde o teu rosto

Eu vou querer matar a saudade

Vou beijar-te, mas não agora

Não me leve a mal

Hoje é quarentena total

-

Vou beijar-te, mas não agora

Não me leve a mal

Hoje é isolamento social...”

Temos de sobreviver. Essa é a nova missão imposta pela natureza nessa época em que não há mais datas previsíveis, todas deslocadas, como os feriados antecipados, os planos adiados, as propostas em compassos de ritmos bagunçados. O Carnaval já não foi o mesmo, pensa bem, os 40 dias da quaresma já foram uma quarentena real que agora se estende trazendo para muito perto datas outrora distantes. Tenta-se, assim, esticar prazos, propor o futuro, mas ninguém tem certeza é de mais nada.

O melhor e o pior de nós surge, inclemente. Não há protocolo, decreto, determinação, conselho, entre as palavras que mais andamos ouvindo ultimamente, que façam mudar a terrível natureza humana - e estamos vivendo para ver e comprovar tristemente isso.

É um pesadelo tenebroso. E há ainda quem não tenha se dado conta que esse acordar não se dará em um estalo. Há ainda também quem consiga que tudo se torne ainda pior, acelerando suas sombras e avançando para o que temos de mais valioso para agir, a liberdade, o pensamento.

Não sei se dormem esse mesmo sono intranquilo; ou se apenas foram moldados como destruidores, conviviam entre nós e não os percebemos a tempo. Para eles, amizades não valem. Honra é coisa que não sabem. E amor é próprio, o próprio. A opinião contrária, massacrada, mesmo que todos os fatos criticados sejam límpidos - há quem jure que esses seres que nos importunam têm corações peludos, almas negras ocultas por suas roupas, ternos, fardas, camisas de futebol, e que agora andam por aí usurpando símbolos nacionais, bandeiras, cores, considerando que estão protegidos dentro de seus carros que usam como tanques de guerra. Por onde passam a terra fica arrasada, inclusive dizimando até alguns deles, mas isso não lhes importa – querem avançar sobre tudo. Afinal, como disse, são sombras.
Querem encobrir a luz, mas haveremos de desmascará-los. Vivemos uma tragédia. Nacional.

... “Quanta tristeza! Quanta agonia!

Mais de vinte mil mortos pelo chão

Todos estão chorando

No meio da multidão”...

* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo.
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Comentários

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Tião Aranha

23 de maio, 2020 | 10:45

“Que bom, a jornalista com ímpeto para parodiar uma marchinha de carnaval. Cada um tem condição de dar sua contribuição afim de mudar os caminhos da história. O país espera que cada um cumpra o seu dever. Será por onde andam líderes de uma esquerda que desviaram trilhões em nome de uma falsa democracia? Essa grana deve estar fazendo muita falta para os menos favorecidos. Esse momento é mais de reflexão e menos de lamentações.”

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