14 de dezembro, de 2019 | 16:00

Futuro em jogo

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
É natural que, desde o último domingo, os torcedores do Galo não parem de comemorar, de zoar no bom sentido os rivais cruzeirenses, devido ao rebaixamento à Série B.
O que não pode acontecer é perder o foco nas ações atuais da diretoria alvinegra, a exemplo da definição do novo treinador, dispensa de jogadores e novas contratações que vão influenciar muito na próxima temporada.
A queda do Cruzeiro deve servir de lição, pois o comando atleticano também cometeu erros graves ao longo deste ano, o que quase levou o drama do rebaixamento para a Cidade do Galo.

O que vimos foram promessas de austeridade não cumpridas ou mal executadas, contratações de jogadores medianos por longos períodos e com altos salários, renovação de vínculo com veteranos medalhões que já deveriam ter se aposentado faz tempo. Exemplos não faltam, para deixar o torcedor atleticano desconfiado dessa diretoria.
As escolhas feitas agora vão refletir durante todo o ano de 2020, portanto, sem afobação, com os olhos da razão, e não da emoção, chegou a hora de garantir que o sorriso de hoje do atleticano continue, não apenas pela desgraça alheia, mas por méritos próprios.

Confusão total
O ambiente já confuso do Cruzeiro piorou ainda mais nos primeiros dias pós-rebaixamento, numa sucessão de fatos que culminou na inesperada demissão de Zezé Perrela do comando do futebol, logo após ter se licenciado da presidência do Conselho Deliberativo.

O presidente Wagner Pires de Sá finalmente deu entrevistas e, como se esperava, foi um desastre completo, sem dar à torcida explicações claras e convincentes da atual situação do clube, que enfim, virou um pandemônio, uma confusão total.

A torcida, que já não aguenta mais essa diretoria, ocupou as redes sociais e foi até a sede exigir a renúncia do presidente e sua diretoria, que insistem em não sair; Como diz um ditado popular aqui dos nossos grotões, “quando a moita é verdinha, a vaca não sai do lugar”.

Por essas e outras mais, justifica-se a preocupação de alguns ex-ídolos cruzeirenses, entre os quais o maior de todos, Tostão, que escreveu em sua coluna no jornal “Folha de São Paulo”: “Há o risco, mesmo se voltar, de o Cruzeiro se tornar, em longo prazo, um clube e um time médios, como ocorreu com outros grandes no Brasil, sem condições de disputar títulos importantes, como Botafogo, Fluminense e Vasco”.

FIM DE PAPO
• Em meio à agitação da política interna do clube e as pressões da torcida pela renúncia coletiva de seus membros, a diretoria celeste terá de encontrar à médio prazo uma solução para algumas dívidas já apregoadas na FIFA, que podem comprometer ainda mais o futuro do clube. O total chega perto de R$ 50 milhões, mas uma delas já recebeu sentença contrária ao clube em duas instâncias, e só não teve consequência pior com a perda de pontos no último Brasileirão por conta de uma liminar.

• A dívida de cerca de R$ 7 milhões tem como credor o clube ucraniano Zorya Luhansk, por ter deixado de pagar parcela referente à contratação definitiva do atacante Willian Bigode, em 2014, na gestão de Gilvan de Pinho Tavares. A definição do caso tem prazo de dez meses, que se esgota em maio de 2020. Se a FIFA confirmar a punição, o clube receberá novo prazo de 90 dias para quitar a dívida e, caso não o faça, aí, sim, sofreria a perda de pontos na Série B.

• Além disso, o Cruzeiro deverá sofrer severas punições e perder vários mandos de campo, graças às confusões e atos de vandalismo praticados por sua torcida no jogo contra o Palmeiras, que determinou o rebaixamento celeste à Série B. A punição decerto será agravada em virtude de o clube ter sido punido anteriormente com um jogo de suspensão pelos incidentes no clássico contra o Galo, só tendo jogado a última partida no Mineirão graças a um efeito suspensivo. Alguns especialistas em direito esportivo estimam que o clube leve um gancho de 10 a 15 jogos, fato que obrigaria o Cruzeiro a migrar para outras praças com distância igual ou superior a 100 km da capital.

• Neste caso, Sete Lagoas estaria fora da rota celeste, por situar-se a apenas 73 km de distância de Belo Horizonte, não atendendo o regulamento das competições. Pesam contra outras cidades mais distantes com bons estádios, como Juiz de Fora e Uberlândia, o fato da população local, em sua maioria, torcer por times de outros estados. A melhor opção para o Cruzeiro, sem dúvida, seria o Ipatingão, hoje com capacidade para 28 mil torcedores, localizado estrategicamente numa região onde o clube possui uma enorme torcida, que como de outras vezes lotaria o “Gigante do Parque Ipanema”, abraçando o time neste momento delicado.

• Desde já, poder público, empresários, entidades de classe de Ipatinga e da região deveriam se mobilizar para assegurar a vinda dos jogos do Cruzeiro para o Ipatingão, caso a punição ao clube se confirme. Além da divulgação, é desnecessário citar a gama de benefícios que isso traria ao comércio e outros segmentos da economia ligados ao setor de turismo, esportes e serviços, gerando emprego e renda para a população.

Em outra época, entre 1997 e 2004, um ano antes de seu rebaixamento, o Atlético fez este mesmo caminho com grande sucesso de público e de resultados em campo, como a goleada histórica e lembrada até hoje por sua torcida, aqueles 6 x 1 aplicados no Flamengo.(Fecha o pano!)
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